tag:blogger.com,1999:blog-21018253639184392922024-02-20T07:30:23.273-08:00VIDAS SEPARADASA história de três amigas que passam por uma reviravolta em suas vidas. Este texto valoriza o verdadeiro sentimento de amizade, a união, a comunhão.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.comBlogger51125tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-89416770286935776442011-10-22T03:26:00.000-07:002011-10-22T03:26:49.504-07:00HÁ 2 ANOSHá exatamente 2 anos eu postava o 1º capítulo de VIDAS SEPARADAS e nem poderia imaginar que devido ao interesse de algumas pessoas me inspiraria a fazer uma 2ª parte e agora escrevendo a 3ª parte. Leitor, você é a pessoa mais importante deste blog. Apareça enquanto espera a continuação e por que não dizer as continuações, dando sugestões com seus comentários.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-75441082085494008832011-08-21T12:28:00.000-07:002011-08-21T12:28:30.149-07:00OI, APAREÇAM<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Não tenho aparecido no blog para responder novas postagens, mas a internet tem algum problema que não sei como explicar. Não consig postar mais comentários em meu próprio blog e nos que sigo só posto como anônimo. Aviso aqueles que seguiram só n início que a hstória está toda postada e tem uma 2ª parte. Ainda estou escrevendo a 3ª. Aguardem. </div>Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-54722024942890758322011-06-24T18:00:00.000-07:002011-06-24T18:00:45.990-07:00Oi, AGUARDEM VIDAS SEPARADAS 3<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Continuem aparecendo e postando. </div>Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-49373997536004236732011-04-10T09:39:00.000-07:002011-04-10T09:39:03.459-07:00ATENÇÃO!!!Para quem tiver dificuldade de acompanhar o blog, os capítulos da 1ª e 2ª parte estão todos postados. Estou dando esta explicação, pois as pessoas que começam a ler perguntam quando vou postar o próximo capítulo. Observem, por favor as postagens correspondentes desde o ano de 2009 abaixo. Para ler desde o início é só clicar em 2009 e daí por diante procurar os capítulos que estão em ordem decrescente. Portanto, a primeira postagem de 2009 é a que está escrito: VIDAS SEPARADAS. Qualquer dúvida, postem seus comentários perguntando. Agradeço a todos os que acompanharam desde o início e que seguiram e seguem fielmente e pela qualidade dos comentários, pois é isto o que importa, visto que não foram tantos seguidores que comentaram. Em tempo indeterminado será postado VIDAS SEPARADAS 3. Se alguém tiver alguma sugestão do subtítulo como esta 2ª parte que foi ONDAS DIVINAS, fique à vontade para fazê-lo por aqui ou na comunidade do orkut. O que posso adiantar sbre é que será mais centralizada na personagem Brenda, abordando mais sua atuação como diretora de escola e pastora.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-33682328130848851972011-04-02T16:32:00.001-07:002011-09-19T01:57:48.937-07:00CAPÍTULO XI - SEMPRE NOVAS EMOÇÕES – BRENDA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">SEMPRE NOVAS EMOÇÕES – BRENDA<br />
No dia 14 de dezembro fiz 19 anos de casada. Meu varão escreveu no blog um texto para mim que estou relendo hoje, dia 2 de abril:<br />
PARA MINHA VAROA ELEITA:<br />
Brenda é difícil escolher palavras pra dizer o quanto eu agradeço a Deus os quase 20 anos que estamos casados. Em Eclesiastes é citado o tempo, este tempo é agora: tempo de dizer: eu te amo. Nós vivemos tempos em nossas vidas, tempos bons, tempos mais difíceis e sabemos que nossa missão é com muitas vidas. A tua vida me deu vida, pois foi Jesus que a enviou a mim. A pessoa sensível que você sempre foi incansável, batalhadora. “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.” (Provérbios 31: 10) <br />
- Oi. – duas vozes lindas disseram agora atrás de mim. Virei e disse:<br />
- Queridaças!!!! – abracei as duas.<br />
- Ai! Sufoca de amor ágape!!! – Alessandra disse<br />
- Brenda, querida, cada vez mais o blog VIDAS SEPARADAS tem mais seguidores. – Carla apreciou.<br />
- E acho que em breve vai ter mais com a continuação. – eu lembrei<br />
- Engraçado que tem gente que só posta ou no início ou no fim. – Alessandra criticou<br />
- O que importa é a qualidade dos comentários e sei que fizemos gente chorar, se lembrar das emoções que passou. Uma leitora disse que ia ler tudo outra vez. – eu comentei<br />
- Tem gente perguntando se já não virou livro. – Carla disse com entusiasmo.<br />
- Em breve será, tudo no tempo de Deus - eu disse<br />
De repente a porta de entrada bateu e numa fração de segundos, outra bem próxima também. <br />
- É, a história das nossas vidas não têm fim. Estamos acabando VIDAS SEPARADAS 2 e em breve teremos a 3, 4, por muitas gerações até a volta do Senhor. – eu frisei.<br />
- Dá licença rapidinho, gente. Conheço este bater de portas. Não que seja habitual, mas é próprio do meu “adocelente”.<br />
- Dani. – bati na porta. – Dani abre, filho. – insisti.<br />
Ele abriu. Entrei e estava lá ele emburrado encostado na parede sentado na cama. Sentei ao lado dele. Perguntei:<br />
- E aí? O que foi?<br />
- Deixa pra lá. – ele respondeu ainda emburrado, de cabeça baixa<br />
- Você não acha que eu vou deixar isso assim, né filho? Ninguém bate portas sem motivo, se bem que não ensinei isso a vocês.<br />
- Tá, mãe, desculpe.<br />
- Não é só questão de desculpe, pois desculpado você está, mas é por que fez isso. Por que, filho?<br />
- Ah... Eu tava conversando com o Paulo.<br />
- Até aí morreu o Neves. Qual foi o teor da conversa?<br />
- Sobre Jesus. Ele disse uma parafernália de heresias.<br />
- Sei. O Paulo é convertido? Não, eu sei. O nome dele é profético. Se agora ele é um perseguidor de cristãos, ainda será um grande homem de Deus. Eu profetizo isso na vida dele.<br />
- Não é fácil ouvir determinadas coisas e ficar calado. Pior que a Renata também tava e debochou tanto.<br />
- Eu já imagino, não precisa nem dizer. Sei que você tava a fim dela, mas eu avisei pra tomar cuidado. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? (Jeremias 17: 9). Que isso sirva como alerta. Você sabe que Jesus é vivo e que está à destra do Pai.<br />
- Mas é que...<br />
- Mas é que você precisa fazer um dever de casa, mesmo sendo sábado. – peguei a Bíblia e entreguei ao meu filho:<br />
- Leia II Timóteo 2: 14 – 26. Ore antes pedindo a Deus discernimento. Daqui a meia hora eu volto.<br />
Conversei com Alessandra e Carla que se mostraram preocupadas com Dani. Logo depois Débora chegou.<br />
- Oi, gente!<br />
- Oi fofóide! - Carla a abraçou. – como você tá cada dia mais linda!<br />
- É mesmo. Minha querida! – Alessandra também a apertou nos braços <br />
- Ai, gente, são seus olhos. – Débora ficou vermelha<br />
- Até parece que você precisa ficar encabulada na frente delas. - eu observei<br />
- Ah, sei lá... Eu sou encabulada mesmo.<br />
- Você é a benção da mamãe. – apertei minha menina nos braços. – Você e o seu temperamental irmãozinho.<br />
- Quando o Dani vai aprender a não discutir. Tá trancado no quarto?<br />
- Tá, mas eu amansei a fera. Passei um dever pra ele.<br />
Terminado o prazo, entrei no quarto de Dani.<br />
- E aí? Orou? Leu? Refletiu?<br />
Ele levantou e me deu um beijo no rosto com uma expressão de quem havia recebido um refrigério.<br />
- Mãe, obrigado. Se todos tivessem o privilégio de ter uma mãe pastorinha.<br />
- Ah, que amor! Gostei muito do termo. Pastorinha! É o que eu disse quando vi a Ana Paula Valadão cantando na TV pela primeira vez. Fala o que você aprendeu.<br />
- Acho que é pra disciplinar. Mesmo tendo nascido num berço cristão, a natureza do homem é um perigo.<br />
- Pois é filho.<br />
- Olha só: Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos (II Timóteo 2: 25 - 26). <br />
- Esta outra passagem completa o que você está passando: Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor. (II Timóteo 2: 22). Sei que você sentiu algo diferente a primeira vez que sua irmã trouxe a Renata aqui. Ela é uma gracinha, lourinha, olhinhos azuis, parece uma princesa. Mas ela não entende Deus como você. Em conversas com a Débinha reparei como ainda tem questionamentos, como é confusa e como tá perdida quando anda com outras garotas que moram perto dela que a convidam pra balada. Depois se acontece alguma coisa, se há alguma briga, ela vem correndo pedir conselhos pra sua irmã. É uma mentira do diabo esta estória, - com e, não com h para frisar mais - de que conselho se fosse bom, não se dava, se vendia. Conselho que vem de Deus sim, mas o que vem dos homens, não é conselho, é má conversação, como tá escrito nesta outra passagem: Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.<br />
E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns (II Timóteo 2: 17 - 18).<br />
- Na Bíblia TEEN a tradução diz: “corrói como câncer”.<br />
- Mas que aluno aplicado! Procura em mais de uma Bíblia, isso é muito bom!<br />
- Eu aproveito o que recebo.<br />
- Meu amor... Lembrei do seu avô. Eu disse a mesma coisa pra ele quando tinha pouco mais que a sua idade. Ele se comovia comigo. Dizia que qualquer dia pediria conselhos a mim e eu disse que guardava os bons conselhos que ele e sua avó me deram. Até uma leitora do blog disse que gostaria que a filha a visse como eu via seu avô. <br />
- Sinto a falta dele, mãe. – Dani disse com lágrimas nos olhos. Eu o abracei forte e a emoção também tomou conta de mim.<br />
- Eu também, filho! Mas ele e a sua avó estão na glória! Ele sofreu muito com a perda dela, mas Deus uniu os dois em pouco tempo. Nós estaremos juntos um dia, com Jesus! <br />
Débinha bateu na porta: <br />
- Mãe! Tá na mesa!<br />
- Já vamos, filha!<br />
Quando fomos pra sala, Alessandra comentou:<br />
- Interrompemos um momento de emoção.<br />
- Vocês todos são emoções sem fim na minha vida! – joguei-me nos braços dela e de Carla. Abraçamos-nos todos.<br />
- Também quero fazer parte deste abraço coletivo! – Márcio que chegou logo em seguida se manifestou<br />
- Amor! Que bom que veio mais cedo! – meu marido, meu pastor, meu homem de Deus, pai dos meus filhos, meu eterno companheiro de todas as horas veio fechar com chave de ouro aquele abraço. Té mais pra quem leu! Seguidores fiéis que também emocionam com seus comentários, aguardem-nos em novas emoções!</div>Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-78823729384101341822011-04-02T16:26:00.000-07:002011-05-21T08:20:18.332-07:00CAPÍTULO X - UMA SÓ CARNE – MÁRCIONo ano seguinte, lá estava eu de novo, mas agora celebrando um casamento. Jonas e Ester trocavam as alianças. Eu e Brenda juntos unimos nossas mãos às deles e eu citei a passagem:<br />
- Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. (Mateus 19: 6). Amém? – eu perguntei ao povo que repetiu e aplaudiu <br />
Ao trocarem as alianças os noivos recitaram versículos um para o outro: <br />
- Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. (Cantares 2 : 1) – os olhos de Ester brilhavam e ela até piscou levemente para espantar as lágrimas que insistiam em cair, enquanto contemplava seu amado segurando suavemente suas mãos colocando sua aliança <br />
- Qual o lírio entre os espinhos, tal é meu amor entre as filhas. (Cantares 2: 2) – Jonas segurava as mãos de Ester colocando com carinho sua aliança na mão esquerda que beijava ternamente.<br />
Minha espôsa Brenda também tentava conter as lágrimas e eu procurei não me dominar pela emoção prosseguindo:<br />
- Esta é a aliança definitiva, a aliança do matrimonio. Ester, um nome de rainha, que o seu marido seja para você um rei como o rei Assuero, que disse sem titubear: Qual é a tua petição? E ser-te-á concedida, e qual é o teu desejo? E se fará ainda até metade do reino. (Ester 5: 6-b) <br />
Todos riram, pois perceberam que eu dei uma ênfase maior à palavra, mas eu expliquei:<br />
- É claro, que com sabedoria, ela nunca pedirá um absurdo, nada que esteja fora da palavra de Deus, mas o Jonas também terá o discernimento e lembrará a passagem que Deus fala aos maridos: Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. (Efésios 5: 25-27). <br />
O mais emocionante não foi só ver a alegria dos pais de Jonas de seu irmão menor e dos outros familiares, mas o carinho de sua irmã Beth por ele e pela cunhada, quando às lágrimas se chegou aos dois e os abraçou, dizendo: <br />
- Deus abençoe você Ester, que é mais uma vitória na vida do meu irmão e Deus te abençoe, Jonas, que saiu do grande peixe pra real meta que Deus te reservou... Gente, eu não posso falar mais... <br />
A emoção tomou conta de Beth e eu prossegui aquela cerimônia:<br />
- Quando Deus restaura, Ele faz muito mais do que nós possamos imaginar. As tribulações vêm, a gente se pergunta por quê? E na maioria das vezes elas pegam a gente de surpresa. Mas depois, também quando menos se espera Ele Converte o deserto em lagoa, e a terra seca em fontes. (Salmos 107: 35) e nós temos aqui um cenário que exemplifica esta palavra, pois este mar tão grande foi paisagem de muitas bênçãos que ocorreram aqui e ainda será de muitas outras que virão. <br />
Lembrei meu casamento com minha amada Brenda. Aquela doce menina que chorava pelo amor a uma vida clamando ao Senhor pela libertação dela. Minha esposa é uma benção sem medida na minha vida, um manancial. O que mais me impressiona nela é como é incansável, dedicada como esposa, como mãe, como amiga. Tudo o que ela aprendeu com os pais, tudo o que viveu com as amigas Alessandra e Carla, foram ingredientes pra aprimorar este pão doce enviado por Deus que ela é, este maná dos céus, sempre presente quando alguém precisa dela. Minha ovelha e pastora, pastora das amigas e que ganhou como presente de casamento a conversão de Alessandra, que tivemos também a alegria de assistir trocar as alianças aqui nesta mesma praia com o Allan, mais uma vida restaurada pelo Senhor. Só lembranças de vitórias, apesar de saber que muitas lutas virão, com muitas outras vitórias. Alessandra e Carla são duas vitórias de oração e fiquei feliz de ver como essas valorosas mulheres de Deus também ganham vidas pra Este Deus e como cuidam delas. Assim como cada ovelha que aparece na igreja ou no nosso colégio, vejo como é belo ver histórias como a de Jonas e outras histórias que foram e serão aqui contadas tocando corações. Você leitor, é a pessoa mais importante deste blog.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-15962112512034200732011-03-08T14:44:00.000-08:002011-03-08T14:44:35.434-08:00CAPÍTULO IX - A GLÓRIA DA ÚLTIMA CASA É MAIOR DO QUE A PRIMEIRA - JONASNo ano seguinte, eu e Ricardo estávamos de volta para competir num torneio estadual. Depois de um tempo voltando a treinar competi no Havaí e tirei o primeiro lugar no circuito mundial de surf. <br />
Pouco depois do dia da vitória, dei meu testemunho noutra reunião também presidida por Beto. A palavra foi: E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade (Jonas 1: 12). Eu fui à frente e falei:<br />
- Meu nome é Jonas. Estive aqui ano passado e vivi numa tempestade de emoções criada pela minha rebeldia e me identifico muito com o Jonas da Bíblia, pois sempre fui muito questionador. Eu fui flagrado fumando maconha pouco antes de competir pra ser selecionado. Fui retirado da competição e fiquei revoltado, sumi, quase morri afogado e como o Jonas das Bíblia só faltava que eu fosse engolido por um grande peixe. Eu estava dentro do grande peixe sim. Dentro do peixe do meu egoísmo, só voltado pra mim e tumultuando a vida de todos à minha volta. Mas Deus joga tudo no mar do esquecimento, não só nas águas nas quais quase me afoguei, mas também nas que fui batizado. O surf tem este simbolismo pra gente. Estas águas imensas confirmam o quanto Deus é grandioso. Ele criou coisas da natureza como o mar pra exemplificar o quanto seu amor é infinitamente maior que tudo, que o próprio mundo, pois tudo parece tão grande, mas é tão pequeno comparado ao amor de Deus. Eu pude ver o quanto era egocêntrico, o quanto não dava valor a nada, a ninguém. Na palavra, aprendemos: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento; depois: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu não fazia isso, pois só pensava em mim. O que aconteceu comigo serviu pra minha família se conscientizar e através da fé do meu irmãozinho Lucas nós vimos confirmada a palavra: Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. (Mateus 18: 4 - 5). Nós recebemos Este Deus através da fé do meu irmão. Enquanto minha irmã Beth clamava a Ele, a resposta veio do nosso irmão, que sendo uma criança impressionou a todos nós por se aquietar e ficar de joelhos orando em concordância com o a Beth, que nem estava perto dele. Mas isto é por que: “Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons. (Provérbios 15: 3). Ele viu tudo e teve misericórdia de mim, de todos os envolvidos no ocorrido ano passado e fez muito mais do que se esperava. <br />
Ao término do meu testemunho, uma garota que havia competido e tirado o primeiro lugar naquele ano foi até a mim. <br />
- Parabéns, Jonas. <br />
- Brigado Ester. Parabéns também.<br />
- Mesmo que eu não tivesse vencido, a sua vitória pra mim já é uma grande alegria, por que ela foi além das competições, foi com O SENHOR. <br />
- Pôxa... – eu fiquei sem palavras<br />
- Eu nunca tive grandes problemas, nasci em berço cristão, mas eu cresci muito, só de ouvir seu testemunho.<br />
- Eu fui um garoto mimado, Ester. Vacilei, mas Jesus me renovou.<br />
- Amém, querido.<br />
- A gente se vê.<br />
- Com certeza. Acho quer não vai demorar. <br />
- Você vai pra competição onde?<br />
- No Havaí.<br />
- Não brinca! Eu tô indo com uns amigos pra competições lá e vou em missão também.<br />
- Que bom Jonas! Eu vou com meus pais e vou encontrar umas amigas da igreja também.<br />
Tudo pareceu tão bem encaminhado. Como na palavra:"A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos". (Ageu 2 : 9) Ester, como uma rainha, linda, competiu e venceu lá no Havaí. Também tirei o primeiro lugar na competição, ganhamos muitas vidas pra Jesus lá e tivemos outra grande vitória... No amor. <br />
Na volta, fizemos questão de voltar à Floripa pra anunciar nosso noivado, quem abençoou nossas alianças foi o pastor Márcio, com sua esposa, pastora Brenda. Lembro bem das palavras deles: <br />
- Se os teus filhos guardarem a minha aliança, e os meus testemunhos, que eu lhes hei de ensinar, também os seus filhos se assentarão perpetuamente no teu trono. (Salmos 132: 12). – o pastor Márcio leu e pregou:<br />
- Que esta aliança de noivado que vocês usam agora simbolize a aliança que vocês já tinham antes com Deus e que vai se estender aos seus filhos e a todas gerações que vocês perpetuarem, pois serão para a glória de Deus. Celebrar este noivado muito me alegra, pois é uma história de libertação, de vitória. Quando Deus restaurou a vida de Jonas, Ele fez além do que se esperava. Seus pais se reconciliaram e depois que ele já estava bem seguro, Deus lhe deu a varoa. Nós estamos celebrando um noivado, mas muito breve, pois já diz a palavra: Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite (Salmos 90: 4) – nós estaremos celebrando um casamento.<br />
O pastor Márcio tem uma bela história de casamentos nos muitos anos da sua caminhada, inclusive do seu com a pastora Brenda. Por isto, vou deixar pra ele a continuação desta história.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-50043698388977415682011-02-26T09:49:00.001-08:002011-05-11T02:09:39.585-07:00CAPÍTULO VIII - DE GRAÇA RECEBESTES, DE GRAÇA DAI – BETODE GRAÇA RECEBESTES, DE GRAÇA DAI – BETO<br />
- Beth, eu fui usuário de drogas. Durante um período eu não usava frequentemente, mas foi num Réveillon que o vício tomou conta de mim. Sabe aqueles “amigos” que aparecem pra zoar?<br />
- Sei. Como os que apareceram pra que o Jonas fizesse o que fez.<br />
- Pois é. Naquela época eu namorava a Alessandra e ela tava comigo rompendo o ano na praia de Copacabana. Perdi completamente a noção das coisas, do respeito. Magoei demais minha namorada, mas felizmente em conseqüência disso ganhei uma grande amiga e eterna irmã em Cristo. Eu tive uma overdose, fui parar no hospital, minha irmã segurou a barra porque meus pais estavam fora. Um amigo meu Alex chamou a Alessandra e ela assim que soube foi correndo pro hospital. Ela já era de Deus, só faltava declarar isso. Ela foi muito boa pra mim. Lembro como se fosse hoje quando foi me visitar:<br />
- Você deu um susto na gente. – ela disse<br />
- Lessandra... – eu quase não conseguia falar, chorava demais.<br />
- Beto, que é isso, cara, reage. Não se entrega.<br />
- Eu... achei que cê nem quisesse mais ver minha cara.<br />
- Beto, eu tô aqui como amiga. Eu perdôo tua fraqueza. Claro que não gostei nada quando te vi tascar um beijo na garota daquela turma na praia, mas isso me fez ver que não devemos nos enganar. Quero ser sua amiga, uma amiga fiel, que sempre vai desejar o melhor pra você. <br />
- Eu vacilei muito contigo.<br />
- Beto, você vacilou como namorado, mas em parte a culpa é minha. Eu também usei você, a gente não se ama. O que você sente por mim é atração, desejo. Nós vamos lucrar muito mais sendo amigos.<br />
- Eu sei... Você soube ser fiel como namorada, mesmo sem me amar.<br />
- E posso amar muito mais você como amigo. Eu quero o seu bem, sua irmã tá muito preocupada com você. Sua recuperação é pra você mesmo, depois pra sua família, pros seus amigos verdadeiros, não aquela turma que só aparece pra te levar pro mesmo buraco que eles, mas amigos como o Alex, que ligou pra mim, preocupadíssimo contigo. Eu fico muito triste vendo pessoas que querem se destruir e destruir o próximo. Cara, se acontece alguma coisa com a Brenda e com a Carla, o mundo desmorona pra mim, é pior do que se fosse comigo. Toma cuidado com suas companhias, Beto. Você precisa de ajuda, mas tem que querer.<br />
- Eu sei... Eu... Eu quero Lessandra. – eu não agüentei e chorei muito mais <br />
- Tá, Beto, tenha isso em mente sempre. – Alessandra se chegou a me abraçou - Eu vou estar perto se precisar de mim.<br />
Beth ouviu meu relato com atenção.<br />
- Alessandra sempre foi uma boa pessoa. Eu disse - Deus já tinha escolhido a vida dela pra abençoar os outros, só ela ainda não entendia que tinha um amor muito grande pelo próximo.<br />
- Gosto dela como uma mãe. – Beth disse<br />
- Quando ela aceitou Jesus aprimorou os dons que já tinha. Eu fiquei um tempo trabalhando em São Paulo, depois o Allan me convidou pra assistir os treinos pros campeonatos de surf aqui em Floripa. Fiquei maravilhado como ele liderava ainda muito jovem o grupo. Como tinha prazer em ensinar, com amor, dedicação e usando como base a palavra de Deus. Depois disso, pra ir à igreja foi rápido. Assisti às reuniões de cura de dependência química e emocional. Antes disto eu já não procurava mais ninguém daquele pessoal que me botava pra baixo, mas sabia que algo me faltava. Não conseguia levar relacionamentos adiante e também não encontrava uma mulher que me completasse, não tinha a direção de Deus. Quando fui à reunião da igreja, um dos temas mais abordados foi co-dependencia, pessoas que dependem das outras, mas na realidade não se amam. Leram a passagem: E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele. (Gênesis 2: 18). Eu ainda não entendia que não ser só não era simplesmente pegar a primeira mulher que aparecesse. Passava por estágios de solidão, eventualmente bebia e depois ficava deprimido. Minha irmã segurou barras, ia me ver em São Paulo. Quando voltei ao Rio, me sentia ainda perdido. Fiquei liberto completamente depois que aceitei Jesus. Hoje eu faço parte deste ministério de libertação.<br />
- Você faz reuniões na sua igreja?<br />
- Vou ficar aqui mais alguns dias e presidir uma reunião no início desta semana.<br />
- Pôxa, o Jonas tinha que ir!<br />
- A gente consegue levá-lo. “Não temas, crê somente.” (Marcos 5: 36 - b) <br />
- Beto, aquele garoto, o Ricardo, foi dedo duro, será que isso também não vai ser avaliado? Como é que ele conseguiu o vídeo com o Jonas puxando erva?<br />
- É uma questão para avaliar mesmo. Allan vai saber fazer isso. <br />
Pouco depois de falar comigo Beth foi chamada pelos pais pra ir ao hospital. Jonas queria falar com ela. Logo que voltou, me procurou:<br />
- Beto, amanhã o Jonas sai do hospital e eu o convenci a ir à reunião. <br />
- Não foi você, meu bem, foi O Espírito Santo de Deus.<br />
- É mesmo, Beto, ‘brigada. – Beth em sinal de respeito deu um beijo na minha mão. Eu fiquei comovido e dei-lhe um abraço.<br />
- Você é mais uma filhinha que eu ganhei aqui.<br />
- Eu sei que você é pai de muitos que foram recuperados e Jonas vai ser mais um filho que você vai ganhar pra Jesus.<br />
- Com certeza.<br />
Jonas foi assistir à reunião que presidi. A palavra que dei veio como um raio à minha mente e impactou muitos, inclusive os que estavam lá pela primeira vez. Cada participante leu um versículo e justamente na vez de Jonas, ele leu:<br />
- “E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós para que não pereçamos” (Jonas 1: 6)<br />
Parecia que ele se dividiu em dois quando leu. Com certeza o texto foi para ele. A expressão de seu rosto dizia tudo. Foi como se a razão o despertasse. Perguntei se alguém queria analisar o texto lido e poucos falaram. Mas depois na segunda parte, quando dei 10 minutos para que cada um desse o seu depoimento eu percebi o impacto de cada um, inclusive do Ricardo, que confessou: <br />
- Eu tava afastado da igreja. Fiquei com raiva de muita coisa que aconteceu na minha família. Não quero falar muito sobre assuntos mais íntimos, só quero pedir perdão ao Jonas e embora ele tenha feito a coisa errada, eu errei também por que armei. Eu pedi pra que o Marcelo oferecesse o cigarro pra ele. Por isto mesmo, não mereço estar aqui. Jonas sai, mas eu também.<br />
Jonas olhou para Ricardo espantado, pois não esperava pela confissão. Logo depois pediu a vez e disse:<br />
- Pode ter sido armado, mas eu fui fraco. Eu... Tô muito envergonhado. Me comportei de uma maneira horrível, quis chamar a atenção. É como tá no texto. Eu tumultuei a vida da minha família, criei uma tempestade por causa da minha desobediência. <br />
Gostei da sinceridade dele e senti em seu olhar a confirmação do seu arrependimento. <br />
- Você está entre amigos, Jonas. Já reconheceu o erro e mesmo que não possa entrar assim como o Ricardo, poderá ter muitas outras oportunidades. Deus já te perdoou. Agora volte-se pra Ele. Deixa Jesus tomar conta inteiramente da sua vida. <br />
Jonas pediu perdão a todos os familiares. A bonança veio depois daquela grande tempestade. Os pais dele pouco depois daquela reunião vieram a mim:<br />
- Nós queremos te agradecer. – o pai dele disse primeiro<br />
- É eu nem imaginava como tudo o que houve poderia nos fazer pensar e reconstruir nossas vidas. – a mãe dele concordou<br />
- Deus nunca faz menos do que promete, mas frequentemente mais do que prometeu. – eu afirmei<br />
- É mesmo. – o pai de Jonas olhou pra esposa com um olhar de confirmação<br />
- Pelo que vejo vocês estão se entendendo bem melhor. – constatei ao ver os dois abraçando-se<br />
- Eu quis me auto-afirmar e coloquei toda o meu intelecto, todo o meu conhecimento de psicologia acima de Deus, mas assim que vi como a Beth ficou depois da discussão com o Jonas, dizendo que precisava de um tempo pra pensar sozinha, aproveitei pra fazer o mesmo e refleti muito. Refleti mais ainda depois de ver o Jonas chorando no hospital. Ele disse até que queria morrer.<br />
- O Jonas da Bíblia também disse isto: “Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.” (Jonas 4: 3) Vê como a palavra se torna viva? Ele teve revolta, mas Deus também falou com ele como na passagem: “Fazes bem que assim te ires”? (Jonas 4: 4). Deus sempre nos traz de volta à razão, basta que ouçamos a voz d’Ele.<br />
- Nós vimos nosso filho desesperado, nossa filha triste, mas sabe quem ficou mais centrado, lendo a palavra, com as mãozinhas juntas em oração, quietinho, ajoelhado? O nosso caçulinha, o Lucas. A fé dele nos fez ver o quanto nós estávamos sendo negligentes, pensando em nós mesmos, achando que só pelo fato de estarmos aqui estávamos cumprindo nosso dever como pais, não querendo nem pensar na possibilidade de uma reconciliação. – o pai de Jonas disse<br />
- Depois da tempestade, veio a bonança. Houve uma demolição, mas nós vamos reconstruir uma casa que vai ser uma fortaleza. - a mãe de Jonas olhou sorrindo para o marido.<br />
- Em nome de Jesus. – o pai de Jonas deu um beijo carinhoso no rosto da esposa e se abraçaram. <br />
Ricardo também se reconciliou com Deus e a palavra se cumpriu: Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (II Coríntios 5: 17).<br />
Mais VIDAS SEPARADAS para Deus. Como é maravilhoso ver que quando tudo parece perdido Deus mostra que foi a ansiedade que nos fez pensar assim. O tempo de Deus não é nosso tempo. Em relação a família de Jonas é como está na passagem: tempo de derrubar, e tempo de edificar; (Eclesiastes 3 : 3-b). Todos precisaram daquela desestruturação para reestruturar suas vidas podendo dizer assim daí pra frente: E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. (Mateus 7: 25) <br />
Eu fiquei mais uma vez realizado ao ver se cumprir a palavra da promessa de Deus e colocar em prática o versículo: “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco”. (Filipenses 4: 9)<br />
Não parem de acompanhar este blog. Jonas ainda vai contar nele o que Deus fez na sua vida.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-6132448791640207412011-02-14T08:41:00.000-08:002011-10-08T15:02:53.944-07:00CAPÍTULO VII - RECOMEÇO - BETH<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">Depois de dois anos eu estava de volta. Lembro de tudo como se estivesse acontecendo agora. Apesar de nascer num lar de origem cristã, minha relação com Deus não se deu tanto pela influência de meus pais. Minha infância foi indo e saindo da igreja, mas desde cedo entendi que Jesus é o único caminho. O ingresso nesta academia foi decisivo para que eu intensificasse minha relação com Deus. Houve a etapa classificatória e eu e meu irmão mais velho, Jonas, nos inscrevemos. Meu irmão caçula, Lucas, veio torcer e meus pais também. Minha mãe estava o tempo todo com um ar de crítica, pois sabia que os princípios cristãos eram a base daqui. Depois de separada do meu pai, ela seguiu a carreira de psicóloga e pra ela as leis da psicologia eram superiores às leis de Deus. Allan reuniu o pessoal, apresentou-se rapidamente e antes dos candidatos se apresentarem, convidou:<br />
- Vamos fazer a oração que O Pai ensinou: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;<br />
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;<br />
O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. (Mateus 6: 9 - 13)<br />
Depois de uma explanação sobre toda a rotina, Allan frisou bem: <br />
- Aqui não será tolerada mentira e ninguém pense que possa nos enrolar. Temos meios de descobrir as irregularidades e simplesmente aquele que não for leal não ficará. Trapaças durante as competições e falta de respeito aos colegas implicam em desconto de pontos e até desclassificação dependendo da gravidade do ato. <br />
Quando acabaram as apresentações, minha mãe comentou: <br />
- Até parece que todos vão ter um comportamento exemplar. Todo o ser humano mente, nem que seja uma mentirinha. <br />
- Mãe, pra Deus não tem mentirinha, nem mentirão, é tudo mentira.<br />
- Lá vem você com suas pregações.<br />
- E você com suas polêmicas. <br />
- Mas eu acho que todas as pessoas mentem.<br />
- Por que pra você sua psicologia é superior à palavra de Deus.<br />
- Beth, não vou discutir com você.<br />
- Nem tão pouco eu com você.<br />
- Tá, então dá licença, antes que eu fique mais saturada do que já tô.<br />
Ela saiu de perto e Alessandra que assistia nossa discussão olhando um pouco de longe, se aproximou. <br />
- Que foi lindinha?<br />
- Deixa pra lá... – eu respondi de cabeça baixa e não consegui conter as lágrimas que começaram a rolar.<br />
- Daqui a uma hora é a competição pra classificação. Fala, por favor, você precisa desabafar, isso vai influir no seu rendimento.<br />
Eu resumi o ocorrido e ela disse:<br />
- Lembra o que a palavra diz? “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.” (Efésios 4: 26). Não que você tenha dito nada de errado, mas deixa O Espírito de Deus trabalhar. Se reconcilie com sua mãe, vai fazer muito mais mal a você do que à ela a discussão. <br />
Logo depois procurei minha mãe que antes que eu falasse, disse: <br />
- Eu não quero aumentar sua tensão pra hora de competir, me desculpe.<br />
- Eu que peço perdão mãe. Não devia discutir. Tudo tá nas mãos de Deus, inclusive minha vitória e se eu não ganhar, não vou me sentir perdedora, tudo é experiência. <br />
Falei com Alessandra que observou: <br />
- Dá pra ver no seu rosto estampada a expressão de alívio. <br />
- É muito ruim a gente não se entender em família.<br />
- Mas vai ser bom pra você o tempo que vai ficar aqui. Vai ficar mais independente, se disciplinar mais. Vai ser como um retiro espiritual prolongado.<br />
- É mesmo.<br />
- Ainda tem mais de meia hora. Põe em prática esta passagem: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mateus 6: 6) vai lá ao alojamento aqui à direita e faz isso.<br />
Orei rapidamente, coloquei toda a minha ansiedade nas mãos do SENHOR. Sei que ele deu todo o alívio necessário. Voltei e vi meu irmão Jonas tenso, sinalizando pelo olhar fixo no mar que não queria conversa. <br />
Iniciou a competição. As meninas foram primeiro. Eu dei tudo de mim. <br />
- Vai comigo acampando seus anjos ao meu redor, Senhor. – eu disse enquanto deslizava no mar com a prancha, aguardando o momento de pegar uma boa onda. <br />
Vi a onda ideal que parecia um presente direto de Deus, me coloquei na posição e senti meu corpo tão leve sobre a prancha como se os anjos do Senhor me segurassem. Foi tudo tão rápido, a primeira e a segunda bateria, contrastando com os momentos anteriores da espera que pareciam uma eternidade. <br />
- Você foi muito bem, filha. Tem grandes possibilidades de vencer. – minha mãe elogiou<br />
- Acho que sim. – eu reconheci meu empenho, mas no íntimo ainda tava um pouco apreensiva. <br />
Meu irmão Jonas estava confiante e eu o admirava muito. Sempre fomos unidos e surfávamos juntos desde muito pequenos. O mar sempre foi meu ambiente natural. Jonas tinha 10 anos e eu 9 quando participamos pela primeira vez de um torneio estadual mirim. Ele tirou o 1º lugar entre os meninos e eu também entre as meninas. Éramos uma dupla dinâmica e tudo indicava que assim continuaríamos. Mas as coisas mudam. Assim como as ondas passam, águas diferentes rolariam na nossa boa relação de irmãos. Na hora de competir, Jonas deu tudo. Na contagem de pontos ele estava em primeiro, empatando com outro garoto, Ricardo. <br />
- Vamos ter que fazer uma prorrogação pra desempatar. - Allan anunciou<br />
- Não é preciso nenhuma prorrogação. – Ricardo interveio.<br />
- Como assim? – Allan estranhou <br />
- Eu tenho provas que este cara infringiu o regulamento! – Ricardo insistiu<br />
- Pode me mostrar essas provas? – Allan falou calmamente.<br />
- Claro que posso. Vem comigo. – Ricardo respondeu confiante<br />
- Se é sobre mim eu quero ir ver essas provas também! – Jonas ficou irado.<br />
- Eu também quero saber o que tá acontecendo. – eu disse <br />
- Fica fora disso, Beth! – Jonas falou como se temesse que eu descobrisse alguma coisa.<br />
- Por que você não quer que sua irmã vá? – Allan perguntou manso<br />
- Eu... Isso não é assunto dela!<br />
- Mas eu quero que ela e seus pais saibam o que é. – Allan continuou manso, mas incisivo<br />
Foram os três para a sala. Eu também fui e meus pais foram chamados. Ricardo mostrou uma gravação que havia feito de Jonas conversando com um garoto de lá, o Marcelo. Na gravação Marcelo oferecia um cigarro de maconha para Jonas, dizendo que isso iria fazer com que ele relaxasse antes da competição. Aquilo me pareceu tramado, mas Jonas aceitou e fumou aquela erva maldita. <br />
- Contra fatos não há argumentos. – Allan afirmou – Nesta gravação há provas de várias infrações. Você se afastou do local da competição e só por este fato já poderia ser desclassificado. Além disso, fumou um cigarro de maconha.<br />
- Tá, eu fumei! Mas algum dedo duro gravou! <br />
- Tá, mas infelizmente, você tá fora. – Allan deu o ultimato.<br />
- Vocês não podem reconsiderar?! – meu pai irritou-se – Falam tanto em perdão e não perdoam uma falta!<br />
- Ninguém está negando perdão ao seu filho, mas temos critérios que têm que ser respeitados e reunimos todos os concorrentes esclarecendo que infrações acarretam a desclassificação. Temos responsabilidades com o grupo inteiro e muitos ainda não têm 18 anos. Seu filho demonstrou instabilidade emocional. Ele precisa curar-se de uma tendência.<br />
- Só por que “puxei uma”, não quer dizer que eu tenha tendência! – Jonas protestou <br />
- Pode não ter agora, mas depois você pode querer experimentar alguma coisa mais forte e eu tenho uma instituição pela qual devo zelar e que não pode ficar comprometida diante de outros alunos, de seus pais e dos meus patrocinadores. <br />
- Foi uma fraqueza, isso não pode ser relevado? – minha mãe indagou.<br />
- Não há como abrir precedentes. O nome da academia e de todos envolvidos entra em jogo. Um erro é um erro, não pode ser encoberto. Isso faz parte do crescimento.<br />
- Como pode garantir que não haja outros fazendo o mesmo por aqui? – meu pai perguntou <br />
- Se houver, temos como descobrir. <br />
- Por algum dedo duro, naturalmente! – meu pai lançou um olhar acusador para Ricardo.<br />
- Mesmo que seu filho não fosse dedurado, temos outros meios de descobrir que não revelamos e, além disso, somos atentos ao rendimento e conduta dos alunos. Claro que ele poderia ter usado uma vez ou outra e não dar a perceber a ninguém, mas tivemos provas e não podemos admitir a permanência de um aluno aqui nestas condições. Se ele não tivesse sido descoberto agora, poderia ser depois, mesmo sendo classificado. Com o tempo continuando no vício, o desempenho dele poderia baixar. Uma mentira não dura tanto tempo quanto possa se pensar. <br />
- Então minha filha também não vai ficar! – meu pai impôs, levantando-se raivoso.<br />
- Quê?! – eu gritei estarrecida<br />
- É isso mesmo! Você é menor, está sob a responsabilidade de seus pais e se não podem aceitar seu irmão aqui, eu também não quero que você fique! Vocês crentes são conversa fiada! Depois ficam dizendo pra perdoar!<br />
- Perdoado, seu filho está e eu também peço que nos perdoe e entenda, pois perdoar não significa infringir regras. Seu filho precisa ser ajudado. Não desconte a frustração na sua filha, por favor.<br />
Meu pai não quis mais conversa e saiu bufando de raiva, minha mãe pediu calma a ele e desculpou-se com Allan e Alessandra. Eu saí correndo e chorando. Alessandra foi atrás de mim. <br />
- Beth, eu lamento, eu vou falar com seu pai.<br />
- Ele tá inflexível! – respondi chorando mais ainda e Alessandra me abraçou. Logo depois vi minha mãe<br />
- Filha, eu discordo de você em várias coisas, mas estou muito chateada com seu pai e com seu irmão. Vou falar sério com os dois.<br />
- Não, por favor! Vocês vão brigar! Poxa, eu nunca pensei que poderia acontecer justamente o que eu mais pedi pra que não acontecesse! Eu vejo minha família cada vez mais desunida!<br />
Meu irmão menor, Lucas apareceu e disse docemente:<br />
- Não fica assim Beth. Tudo vai acabar bem. Você diz sempre: Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6: 33). Então? Vamos orar, Deus vai responder.<br />
Eu sorri e o abracei. Felizmente eu tinha no meu irmãozinho um homenzinho de Deus e nunca o proibiram de ir à igreja comigo. Nós oramos e depois meu pai apareceu com a cabeça mais fria e falou: <br />
- Desculpe filha, fiquei muito irritado. Apesar de eu e sua mãe não concordarmos em muitas coisas, ela soube como argumentar. Não vou impedir você de realizar seu sonho.<br />
Fiquei feliz por meu pai ter voltado atrás e o abracei. <br />
- ‘Brigada por ter reconsiderado, pai. <br />
Meu alívio durou pouco, pois lembrei imediatamente de uma coisa: <br />
- Cadê o Jonas? <br />
Ninguém sabia dele. Jonas simplesmente sumiu sem falar com ninguém. Anoiteceu e nada dele aparecer. Começamos a ligar pra polícia, hospitais e até procuramos saber dele por amigos que moravam perto. Amanheceu e até as 07h00min não tínhamos nenhuma notícia. Finalmente, a polícia comunicou que houve uma quebradeira numa festa lá perto, organizada pelo pessoal que perdeu a competição. Era uma espécie de “premio de consolação” que a galera se dava, e as conseqüências geralmente eram desastrosas. Algumas pessoas fugiram quando perceberam a chegada dos guardas. Fui com meus pais à delegacia e um rapaz conhecido tava lá, o Léo, num estado lamentável, olhos vermelhos, devia ter bebido, cheirado e fumado tudo o que se sentiu no direito. Ele deu trabalho aos policiais que exigiram que ele dissesse tudo o que ocorreu na festa. Os pais dele foram chamados e pagaram fiança, mas antes perguntamos sobre Jonas e Léo disse:<br />
- Jonas continuou a comemoração com outros num barco na praia de Barra da Lagoa.<br />
- Tá, mas e depois disso alguém soube dele? – meu pai perguntou aflito<br />
- Não. – Léo disse<br />
Fomos todos pra lá e nada de Jonas. Anoiteceu, continuamos a procurar e na manhã do dia seguinte fomos a um hospital próximo e soubemos que tinha dado entrada lá um garoto afogado socorrido por um pescador. Apesar das esperanças renovadas, ficamos aflitos, pois mesmo sabendo que o garoto estava com vida, não sabíamos se era Jonas. Encontramos o quarto e entramos.<br />
- Jonas! – eu gritei ao mesmo tempo aliviada e angustiada por saber seu estado. Ele ficou bem machucado. Estava com ataduras na cabeça. <br />
- Beth... - ele falou com dificuldade.<br />
- Por que você fez isso? – perguntei chorando <br />
- Queria nos assustar e conseguiu. – minha mãe mesmo aliviada por tê-lo encontrado foi dura demais<br />
- Mãe! Não fala assim, como se ele fosse um caso perdido! – eu pedi<br />
- O problema pra mim não é ela, é você! – Jonas disse para mim<br />
- Eu?! – fiquei atônita com aquela afirmativa<br />
- É. Ela sempre gostou mais de você, a filhinha querida, a mais perfeita, sempre elogiando seu surf, sempre exigindo mais de mim!<br />
- Isso não é verdade, Jonas. – minha mãe falou baixo, mas firme - Eu nunca fiz diferença entre vocês. É natural que uma mãe seja mais zelosa com a filha mulher e ela não era tão segura no começo. Tudo o que fiz foi apoiar sua irmã. Você sempre demonstrou mais agilidade.<br />
- O que eu mais aprendi foi com você, Jonas. Se te magoei sem sentir, me perdoa. <br />
- Grandes coisas, agora tô fora mesmo!<br />
- Mas pode voltar. Pode se libertar desta situação e provar sua capacidade sem se deixar levar por um vício. – eu argumentei<br />
- Não é vício, eu puxei poucas vezes, não foi justo me desclassificar por um vacilo sem importância!<br />
- Sem importância pra você! Isso pode prejudicar outros que queiram experimentar só de ver você fazendo. – tentei fazer Jonas entender a gravidade do seu ato, mas ele não dava o braço a torcer.<br />
- O ano tá perdido pra mim.<br />
- Não, não tá! O que você precisa Jonas é sair de dentro do grande peixe, do seu mundinho interior e entender que o seu vacilo poderia afetar uma equipe inteira! Você se queixa de mim, da mamãe, não reconhece que o papai não mediu esforços pra que você estivesse aqui e todos vieram pra torcer por você, tanto quanto por mim. Fuma uma porcaria, joga tudo fora e bota a culpa nos outros que te amam e ficaram te procurando! Você quer sempre chamar a atenção! Cresce cara! Você é mais velho que eu e tá se comportando como um bebe mimado! Nunca quis te magoar, mas você tá atingindo a todos com suas atitudes inconseqüentes, passou dos limites! Você é mais rebelde que o Jonas da Bíblia foi! Mas espero que como ele, que foi osso duro de roer, ainda possa cair em si!<br />
Saí, correndo daquele hospital. Arrasada, machucada, ferida mesmo. Meu irmão que eu amava tanto com tanta mágoa de mim. Minha mãe tentou me conter, foi atrás de mim no corredor. <br />
- Beth, ele tá revoltado, mas vai passar, não fica assim minha filha! – ela me abraçou e eu correspondi, mas precisava de um tempo. <br />
- Vai passar sim, mãe, mas eu preciso ficar um pouco só, não leva a mal.<br />
- Claro, minha filha, mas não dá um sumiço como ele deu por causa disso, vou ficar preocupada.<br />
- Não se preocupa, eu vou lá pra academia. Vou pensar um pouco, esfriar a cabeça. Acho bom que todos nós fiquemos um pouco sozinhos pra pensar em tudo que tá errado.<br />
- Tá, você deve estar certa, vou seguir sua intuição.<br />
Fui pra academia e chorei muito, fui consolada por Allan e Alessandra e depois pedi pra ficar um pouco só. Fui orar perto do mar. Clamei ao Senhor com muitas lágrimas nos olhos e na minha oração gritei pra Ele aquela passagem bíblica que era tudo o que eu sentia naquele momento de angústia: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51: 17). <br />
- É isso mesmo, minha filha. – disse alguém com uma voz terna de um pai que não era o meu, mas naquele momento O Pai o enviou como um anjo pra amenizar a dor que eu sentia. Virei-me assustada, mas aquele olhar doce deu-me confiança. <br />
- Oi. – disse eu impactada. – Quem é você? <br />
- Eu sou Beto. Soube do problema do seu irmão e quero ajudar.<br />
- Como?<br />
Assim Beto tornou-se o personagem principal no desfecho desta história.</div>Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-25083405750516797992011-02-12T05:18:00.000-08:002011-02-12T05:18:11.337-08:00CAPÍTULO VI GRATIDÃO – NATALINHA- Que suspiro tão profundo é esse? – Alessandra perguntou.<br />
- Ah, Lessa... – às vezes eu a chamo assim. – Tava lendo o testemunho daquela menina Flávia, a Carla também tá no blog, falando do Gabriel e deu uma emoção.<br />
- Jesus dá umas emoções diferentes mesmo.<br />
- Li também o início. Meu pai teve um errinho.<br />
- É? <br />
- Olha aqui: ele disse que eu tô com 21 e a Cris com 15. Ela já fez 16 e eu já tô com 22. <br />
- É que ele postou sem revisar tudo, meio na pressa. Começou a escrever antes. Mas isto é só detalhe, mesmo. O blog já tá com 62 seguidores...<br />
- Quando ele escreveu tava com 56.<br />
- O que importa é a qualidade. Menos da metade postou, mas os que acompanham desde o início e os que começaram a ler depois postando os comentários dão o retorno que a gente espera. <br />
- É mesmo. Eu li outras passagens. A Carla contando sobre o neném que perdeu, depois, quando reencontrou o Marcos. Pessoas que também perderam filhos se identificaram, mas sei que também foram renovadas pelo amor de Deus. Carla é um exemplo disto. O capítulo em que ela conta sua conversão é show!!! É lindo ver como as pessoas são gratas a Deus. Até me inspirei e deixei um comentário aqui:<br />
Alessandra leu:<br />
GRATIDÃO<br />
Em primeiro lugar agradeço a Deus, meu Pai maior, depois ao meu paizão Allan, um surfista de Deus, sem esquecer a minha boadrasta “Lessa” e minha doce irmãzinha Cris, sintetizando através da passagem: Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. (Salmos 100: 4). Vocês que são testemunho vivo disto. Também agradeço à Brenda, pastora, professora e permanente discípula de Cristo, através do seu testemunho de amizade incansável, um esteio, um porto seguro sempre firme num espírito de equilíbrio e liderança e sempre disposta a acolher com seu amor ágape todos que a procuram. Isto não é fácil. A caminhada é longa, mas conduz à vitória. Obrigada também a você, Carlinha, pelo seu testemunho de mãe, pelo nosso Biel, que você e o Marcos disciplinam com tanto amor e pelo seu amor ao próximo, pela sua maneira simples de evangelizar e ganhar pessoas pra Jesus, como fez com a Flávia que renasceu jogando no mar do esquecimento seu passado. Não poderia haver melhor cenário pra expressar o que é a renovação de vida como esta paisagem de Floripa, onde tantos jovens competem e não perdem pra outros, mas ganham experiência de vida e têm mais histórias pra contar neste blog que é um arquivo de vida, como no LIVRO DA VIDA DO SENHOR. É o BLOG DA VIDA. Das VIDAS SEPARADAS pelo amor de Deus. OUVI-ME, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome. (Isaías 49: 1). Os nomes de todos aqui são do Senhor, vidas do Senhor. É difícil expressar a emoção de ler aqui com palavras, por isto deixo que O Senhor fale por mim através da Sua Palavra: E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre. (Apocalipse 5: 13)<br />
- Que lindo, Natalinha...- Alessandra abraçou-me e deu um beijo de mãe boadrasta em meu rosto. Uma lágrima de emoção rolou dos seus olhos.<br />
- Muita gente chorou lendo o blog, né?<br />
- É...eu revivo toda a emoção e os seguidores que são mais fiéis também relembram o que leram nesta nossa continuação.<br />
- A vida continua com alegrias, tristezas, lutas, vitórias...<br />
- Sem luta não há glória.<br />
- E o mais importante é confiar neste Deus e sempre agradecer. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12: 2) <br />
- Falando em gratidão, vamos lá pra fora dar uma olhada nos treinos?<br />
- Vamo nessa, Lessa!<br />
Fomos juntas e eu fiquei apreciando em particular uma treinadora que contemplava a imensidão do mar enquanto o pessoal fazia seus últimos treinos antes das eliminatórias bem próximas. Ela observava e abria os braços pro mar. Uma alegria contagiante emanava daquele rosto jovem e belo. Eu e a Lessa nos aproximamos devagar, tamanha era a comunhão daquela jovem com Deus, O exaltando por aquele elemento da natureza que Ele nos deu. Ela orava agradecendo: <br />
- Obrigada Senhor, por este mar, por estas vidas, esses meninos e meninas que eu conheci e já amo tanto. Que eles entendam que nas eliminatórias não haverá vencedores nem perdedores, pois é o viver contigo que nos dá a vitória. “Porque a vitória é do povo de Deus!” – ela cantarolou - Eles terão outras chances assim como a que eu tive vindo aqui pra treiná-los. Obrigada Senhor pelo presente que ganhei e por outros que ganharei, pois só posso esperar pelo melhor aqui. Eu agradeço em nome de Jesus, amém.<br />
Não resistimos e aplaudimos aquela oração.<br />
- Glória a Deus!! – gritamos juntas.<br />
- Ai! Vocês tavam aí há muito tempo? – ela perguntou um pouco assustada e rindo ao mesmo tempo<br />
- Um pouquinho, mas não queríamos interromper o seu momento de comunhão com Deus. – Alessandra respondeu<br />
- Lembra da minha enteada Natalinha? <br />
- Tenho uma idéia de ter visto antes. – ela disse tentando lembrar.<br />
- Natalinha, esta é a Beth, foi nossa cria e é nossa mais nova treinadora. Acho que não estão lembrando uma da outra porque no início do ano quando esteve aqui em lua de mel tava muito movimento, Beth tava treinando o pessoal sem parar, início de ano é duro, o treinamento é intensivo. Agora dá pra parar um pouco e desestressar antes da competição final. <br />
- Eles ‘tão lá na água curtindo um pouco e treinando descontraídos, colocando em prática o que aprenderam durante o ano inteiro, quase que brincando. – Beth apreciou o entrosamento da turma<br />
- Você deu muita segurança a eles. – Alessandra elogiou.<br />
- Fiz o possível e Deus fez o impossível. – Beth acrescentou<br />
- Você parece tão tranquila. – eu observei.<br />
- É, mas eu comecei com medo.<br />
- Mas você pegou logo o jeito. – Alessandra lembrou <br />
- A responsabilidade assusta. – Beth colocou<br />
- Eu esperava pela sua insegurança inicial, mas se aproveitamos você como treinadora é por que sabíamos que tinha potencial. – Alessandra afirmou. <br />
- Eu agradeço primeiro a Deus, depois a vocês por essa oportunidade maravilhosa. Cresci muito. Foram duas etapas diferentes de crescimento. <br />
- É. A primeira como aluna e a segunda como treinadora. – Alessandra comparou<br />
- O crescimento dói um pouco, mas dá experiência. – Beth analisou<br />
- Tem muito a ver com os treinos né Beth? – Alessandra estabeleceu um paralelo – Paulo mostra isso na Bíblia falando dos atletas. Os exercícios físicos doem no começo, depois todos tiram de letra.<br />
- A garotada no começo ficava morta quando a gente mandava fazer 50 abdominais! – Beth lembrou rindo <br />
- Tem coisas na vida que doem muito mais do que isso. – Alessandra colocou – seu começo foi duro <br />
- Mas eu aprendi. Suportei a dor e conquistei a vitória.<br />
- Todo o esforço traz compensações. Esta galera irada é uma das provas disso.<br />
Beth apontou com carinho pra turma que se divertia surfando. <br />
- Em falar nisso, você terminou os comentários no blog? – Alessandra perguntou<br />
- Vai dar uma olhada lá. Vê se aprova.<br />
- Com certeza vou aprovar. Escrito por uma pessoa tão sensível.<br />
- Eu já posso imaginar os comentários. Tem umas meninas que escrevem que ‘tão acompanhando sem parar. <br />
- É mesmo. A Érica que escreve DIÁRIO DA CAROL & ALINE, A Bia Suzena que escreve ASLINHAS DO MEU MUNDO, a Denise Beliato. São presenças constantes. Outras estão sumidas, mas deve ser por falta de tempo.<br />
- Eu também li MEUS OLHOS TE VÊEM. Pena que tá parado. A história é linda.<br />
- Nossos leitores são fonte de inspiração. O que vale não é o número e sim a qualidade, o que escrevem nos comentários. A sensibilidade é o melhor ingrediente pro texto crescer. Seja vindo de quem escreve, ou pelo feedback que o leitor dá.<br />
- Com certeza estas que comentam sempre têm sensibilidade de sobra. – Beth observou<br />
- Bom, vamos deixar você com o seu feedback aqui e vamos ler seu depô lá. Tô muito curiosa. – eu disse<br />
- Té mais! - Alessandra e eu nos despedimos. <br />
- Aguardo pelos seus comentários também. – Beth lembrou.<br />
- Com certeza. – eu respondi. <br />
Fomos eu e Lessa ansiosas pra ler.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-4841732063006802992011-02-05T12:25:00.000-08:002011-02-26T10:21:31.179-08:00CAPÍTULO V - ENTÃO DIRÁS A TEU FILHO – GABRIELReli com emoção aquele capítulo do blog, agora com 62 seguidores, depois de ler toda a saga das VIDAS SEPARADAS pelas circunstâncias, mas também para Deus. A separação de minha mãe e de suas amigas Brenda e Alessandra nada mais foi do que a separação para maior união. Eu ainda não me vejo com amizades assim, que formam um só corpo, o corpo de Cristo. O diálogo do capítulo anterior tem um ano e sei o que alguma mudou e aumentou: eu cresci em idade, em tamanho em amor pelos meus pais e acima de tudo na fé. Eu tenho meus altos e baixos, eu sei. Muitas vezes engrosso, sou malcriado com minha mãe, mas ela disciplina, dá até uma bronca e quando ela e meu pai chegam à conclusão que foram exigentes demais comigo, se desculpam e conversam muito. Nós não deixamos nada pra muito depois. Pra um pouco depois, sim. Muitas vezes, minha mãe olha pra mim séria e diz: “Vai pro seu quarto e depois conversamos”. Meu pai faz o mesmo. Eu sempre digo que eles são o casal 132, a união dos 66 livros da Bíblia. Eles erram, mas querem sempre acertar. São o exemplo vivo de como Deus perdoa e dá novas chances. Eu tenho muito orgulho dos meus pais. Agora mesmo eu li uma passagem bíblica que expressa tudo o que eles ensinam pra mim desde que me entendo por gente: Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o SENHOR nosso Deus vos ordenou?<br />
Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o SENHOR, com mão forte, nos tirou do Egito;<br />
E o SENHOR, aos nossos olhos, fez sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito, contra Faraó e toda sua casa;<br />
E dali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurara a nossos pais.<br />
E o SENHOR nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos ao SENHOR nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje. (Deuteronômio 6: 20 - 25)<br />
- Quanta aplicação, hein? <br />
- Hã, oi pai. – eu virei pra ele que acariciou meus cabelos <br />
- Cê não cansa de ler este blog. E agora é mais um narrador.<br />
- VIDAS SEPARADAS tá impactando vidas, pai. Eu não tenho nenhum problema em me aceitar como um cara sensível. Também, quem sai aos seus, não degenera. Sabe que eu leio e imagino como foi tudo pra você, pra minha mãe. É como se eu fosse alguém de fora, como se eu no momento que leio fosse transportado pros anos 80, que nem aquele filme...<br />
- DE VOLTA PRO FUTURO?<br />
- É. O cara faz com que o encontro dos pais fosse mais romântico e quando voltou tava tudo diferente.<br />
- É... Mas o que a gente passou, tinha que passar. Foi a vontade permissiva de Deus. <br />
- Lendo a Bíblia a gente entende algumas coisas assim e relê o mesmo que leu antes e descobre coisas novas.<br />
- A Palavra de Deus se renova, meu filho. Algumas pessoas comparam minha situação com a sua mãe com a de Davi e Betsabá. Tem seus pontos em comum. Com a diferença que Davi conhecia a Deus, eu não conhecia. A prova dele foi mais dura que a minha.<br />
- Sabe, pai, eu quando leio sobre o filho que a mamãe perdeu, tenho vontade de estar lá naquela hora dando um abraço, consolando. Eu viajo no tempo mesmo. <br />
- Se não fossem Alessandra e Brenda...<br />
- Mas glória a Deus pelas vidas delas. Elas são maravilhosas. Pai, eu não conheço ninguém que seja tão amigo assim. Acho que até dizer amizade é pouco é amor ágape, é união. Como aquela música da Fernanda Brum e Eyshila, CANÇÃO PRA MINHA AMIGA. É o que elas são. No capítulo que a Alessandra fala que os pais vão se separar, a Brenda e minha mãe nem pensam mais que vão mudar, mas ela sofre 3 vezes mais por que elas vão embora. A Alessandra ama tanto minha mãe que diz que foi pior do que tivesse acontecido com ela mesma.<br />
- É...Deus tinha um plano pras nossas vidas, mas teria sido perfeito se a gente tivesse se reencontrado em outras circunstâncias.<br />
- Mas Ele fez com que fosse até melhor o reencontro, né pai. Você pediu perdão, falou de Jesus pra ela. É de chorar também o capítulo que ela conta como foi. Eu choro quando leio que ela abraçou minha avó, se reconciliou com ela.<br />
- Pra ver como é o perdão de Deus. Usou a Brenda pra que o seu avô a perdoasse nos últimos momentos de vida. O plano de Deus é perfeito. A gente é que atrapalha. Você vê. José sonhou o que ia aconteceu tantos anos depois, tinha o dom de interpretar sonhos, mas falou pros irmãos antes da hora. Comigo e sua mãe foi antes da hora, mas mesmo assim, Deus trabalhou em nossas vidas pra que acontecesse a nossa união no momento certo. <br />
- Ainda agora eu li o que a minha mãe contou daquela menina Flávia. Ela te falou né?<br />
- Ah, sei. Ela ganhou a competição do ano passado. Cê leu o que ela escreveu pra sua mãe? Tá no blog, Ó só:<br />
À MINHA MÃEZINHA ESPIRITUAL:<br />
Mamãe Carla. Minha mãe agora morre de ciúmes de você, mas ficou feliz por saber que Deus te usou pra me trazer de volta à vida. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Filipenses 1: 21) você me ajudou a renascer pra vida, pra vida com Jesus. Eu te amo demais. To aqui com Alessandra lendo o blog que tá bombando. Comentários emocionados de pessoas que choraram lendo e algumas até sentiram a mesma dor que você sentiu de perder um filho. Outras comentaram saudosas de amigas que não vêem há muito tempo. Eu tenho um carinho especial pela Alessandra, uma treinadora dedicada que ama o trabalho. Ela é muito carinhosa, assim como você. Mas eu nem sei explicar a emoção que senti logo que te vi. Admirei sua amizade pela Alessandra, li os relatos da Brenda e senti meu coração pulsar mais forte como sei que pulsa os de vocês com toda esta fonte de amor ágape. Na existem tantas amizades como as de vocês. Isto é lindo. Carla, eu tô escrevendo e chorando, assim como li pessoas comentarem neste blog dizendo: peraí que eu tô chorando... Até passeei por outros blogs e achei um que é show: AS LINHAS DO MEU MUNDO, não deixe de ler. Têm outros também: DIÁRIO DA CAROL, ALINE,NICOLY, MALU & LEVI. Cada história mais linda que a outra. Sei que você tá ocupada e que não dá pra vir aqui, mas eu não temino o ano sem te ver. TE AAMOOOOO MINHA MÃEZINHA CARLA!!! Vou te sufocar com meus abraços e o Biel vai ter que te dividir comigo pelo menos quando eu estiver aí. A PAZ DO SENHOR, MINHA AMADA. <br />
- Sua mãe chorou quando leu isto.<br />
- Confesso que me dá um ciúme, mas é bom ser amado assim. Ah, pai, peraí que a Natalinha tá falando comigo no Messenger.<br />
Natalinha diz: <br />
Oi Biel!<br />
Biel diz:<br />
Oi, tudo bem?<br />
Natalinha diz: <br />
Tudo e vc?<br />
Biel diz:<br />
Tudo bem. Vc vem aqui?<br />
Natalinha diz: <br />
Vou sim, vou passar na minha mãe antes, mas passo aí sim<br />
Biel diz:<br />
O blog tá show, né?<br />
Natalinha diz: <br />
É cara. Sabe que eu não canso de ler, volto aos capítulos da 1ª parte, choro de emoção. Parece que tá acontecendo naquele momento.<br />
Biel diz:<br />
É mesmo.<br />
- Biel! Vem almoçar, filho! – minha mãe chamou<br />
- Já vou, mãe!<br />
Biel diz:<br />
Vou almoçar, quando der eu volto.<br />
Natalinha diz: <br />
Falou, vou ler mais por aqui, a paz do Senhor!<br />
Biel diz:<br />
A paz, bye!<br />
Natalinha diz: <br />
Bye!Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-29644485739372329632011-01-08T09:12:00.000-08:002011-01-22T12:13:47.403-08:00CAPÍTULO IV - HERANÇA DO SENHOR – CARLAAquela linda garota acabava de renascer naquele momento e foi surfar transformada, sorrindo entre os colegas. Eu a apreciava com emoção. Estava tão entretida que nem senti alguém chegar suavemente me chamando pra que eu não me assustasse: <br />
- Mãe.<br />
Eu olhei pra trás e admirei meu garotão lindo, os cabelos cacheados e castanho escuros, o físico forte embora nos últimos tempos estivesse com um pouquinho mais de peso. Olhei pra ele com a mesma ternura que da primeira vez que o tive nos braços. <br />
- Oi, querido. <br />
- Eu emborquei no sofá.<br />
- Cê tava muito cansado, por isso não o chamei. Cê quer falar comigo, filho?<br />
- É...<br />
- É... Precisa ensaiar pra se abrir com sua mãe?<br />
- Mãe, em primeiro lugar, desculpa por eu ter ficado de tão mau humor na vinda pra cá. <br />
- Tá desculpado filho. Só não quero que fique um clima pesado, de silêncio entre nós. Sei que tá sentindo um pouco de falta do seu pai, mas ele tá mais ocupado, não é por não ligar pra você. Ele gostaria de ter vindo.<br />
- Eu sei.<br />
- Fala filho. Eu e seu pai sempre estivemos dispostos a ouvir você. <br />
- Mas mãe... Eu já falei com vocês...<br />
- O que filho? Você parece comigo quando tinha a sua idade. Quando eu queria falar sobre uma coisa difícil eu enrolava, enrolava e era preciso que alguém puxasse o assunto de mim. Só que eu continuei a ser assim com um pouco mais de idade do que você agora e quem puxava assuntos pra eu me abrir eram a Brenda e a Alessandra, porque meus pais não eram bons ouvintes. Mesmo que eu e seu pai discordemos, nós te ouvimos.<br />
- Mãe, me diz uma coisa: como é que se sabe o gosto do guaraná se não podemos provar?<br />
- QUÊ?! – fiquei espantada – Onde é que cê ouviu isso? Com certeza nem eu nem seu pai usamos esse vocabulário esquisito, com cheiro de mundão!<br />
- Tá vendo, mãe? Não adianta falar!<br />
- Adianta sim. Você se prende e quando fala se estoura deste jeito é por que não tá confiando nos valores que seus pais passam pra você ouvindo essas barbaridades que os colegas da escola, da academia falam! Qual é rapá?! Vai se deixar levar por essas idéias que garotas são mercadoria, que o garoto tem que mostrar que é machão?! Você quer agradar a Deus ou aos homens? <br />
- Pôxa, mãe, ficam me zoando!<br />
- E você é o que dizem? Você sabe que não. Ser macho não é ser pegador de mulher. Pra seguir Jesus, meu filho, tem ser muito mais macho do que esses filhinhos de papai por aí que tem tudo, mas não têm o que mais precisam: Jesus. Por que ao invés de se comparar a essas pessoas vazias você não se mira no exemplo dos seus irmãos? Marquinho soube esperar e taí casado e feliz. Você ainda tá com 15 anos, começando a vida e já tá entrando nessa?! Criança tem que ser criança e adolescente tem que ser adolescente! Vai se deixar transtornar por opiniões desses garotões metidos que só querem se mostrar? <br />
- Ah, mãe... Sei lá...<br />
- Filho, você aprendeu todos os princípios da vida cristã. Sei que você sofre, mas é assim mesmo. A gente é mais que vencedor. É nessas horas que a gente tem que ter na ponta da língua o que aprende na Bíblia: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16: 33-b)<br />
- Mas eu sinto atração por garotas.<br />
- É natural, Biel, mas a atração vem e passa por que nesta idade você ainda não pode saber quem vai ser sua companheira um dia. Atração pelo sexo oposto é normal. Mas se alguma menina tem a visão do mundo e você entra na dela se dá mal. Eu conheci uma senhora cujo filho se deixou levar pelos encantos de uma menina que não era da igreja. Daí, naquele pensamento de que não teria nada demais por que hoje em dia isso é normal, ela ficou grávida, ele descobriu que não a amava, que só teve uma empolgação. A mãe avisou que ele ia se machucar por que ela não era da igreja. Agora ela fica em cima dele por causa de pensão pra filha, ele casou com outra da igreja, mas ela faz tudo pra perturbar. O rapaz pagou o preço por não buscar a direção de Deus. Quero que tudo pra você seja sempre melhor.<br />
- Do que foi com você e meu pai?<br />
- Exatamente. Eu e seu pai erramos, mas nos arrependemos e Deus restaurou nossas vidas. Mas você conhece a palavra de Deus, nós quando nos conhecemos, não.<br />
- Mãe...<br />
- Que é filho? - Gabriel olhou pra mim e uma lágrima rolou. Igual a mãe, emotivo como ele só, não que o pai não fosse, mas sempre achei meu filho uma versão masculina minha, até nos sentimentos.<br />
- Eu te amo. <br />
Ele me abraçou e ainda disse:<br />
- Fazer a vontade de Deus é difícil, né?<br />
- É, mas não é impossível. Ele tá com a gente. “Pois me cingiste de força para a peleja; fizeste abater debaixo de mim aqueles que contra mim se levantaram”. (Salmos 18: 39)<br />
- Mãe, como teria sido se você não tivesse perdido o outro filho?<br />
- Você gostaria de ter um irmão que também fosse meu e do seu pai? <br />
- Eu amo meus irmãos, mas sei lá, fico imaginando como seria.<br />
- Filho, eu nem sei. Tudo aconteceu tão de repente que nem deu pra pensar. <br />
- Você sofreu muito quando perdeu o neném né?<br />
- Sim, filho. Nós, mães, sentimos a perda até dos filhos que não pudemos abraçar. É uma dor indescritível. Quando relatei isso no blog, duas leitoras que perderam filhos comentaram. As situações foram diferentes, mas o sentimento de perda é o mesmo.<br />
- Hoje eu me sinto filho único. Meus irmãos casaram todos.<br />
- É. Você é o bebê da família e acabou sendo privilegiado pela diferença de idade dos seus irmãos. Eu e seu pai preferimos ficar só com você pra poder te dar mais atenção, foi de comum acordo.<br />
- Como foi quando meu pai soube que cê tava grávida, mãe?<br />
- Ah, meu filho... Ele parecia que ia explodir de tanta felicidade! A gente não tinha ainda 3 meses de casados, eu descobri e fui logo contar pra ele, queria que fosse o primeiro a saber. A gente até desconfiava, mas não tinha certeza. Ele tava no escritório e nem tava lembrando de tão atarefado. Eu disse que fiz o exame de farmácia e ele chegou a pular! Sua gestação foi muito amorosa, ele acariciava tanto minha barriga. Ele sempre foi muito carinhoso, naquele tempo então, ficou um melado. Nem este mar exemplifica a transbordante felicidade que foi a confirmação da minha gravidez, acho que foi um maremoto de emoção, de alegria, o nosso amor aumentou mais a cada dia. Você foi um presentão. Por isso que eu sou tão zelosa, até exagerada, mas tenho que cuidar do que Deus me deu. Gratidão também é isso. Um dia você vai ter a mesma experiência. Seu pai pode parecer rígido muitas vezes, pode parecer que é a idade, ele tinha 40 anos quando você nasceu, mas ele te amou desde o meu ventre.<br />
- Pôxa... Sem palavras...<br />
- Lembre-se sempre do quanto é amado e esqueça os que aparecem como pedra de tropeço no seu caminho. A caminhada com Jesus não é moleza, mas traz vitória. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (II Coríntios 4: 17)<br />
- Amém.<br />
Abracei muito meu filho amado. Este foi um dos momentos mais marcantes que vivi como mãe, embora tenha sido no ano passado, mesmo atrasado mereceu destaque neste blog que já conta com 61 seguidores. Lembrei do momento que ele nasceu, quando olhei pro Marcos e disse: “Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão.” (Salmos 127: 3)Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-15846920674750370362010-12-19T10:45:00.001-08:002010-12-19T10:45:56.184-08:00CAPÍTULO IIILIÇÕES DE VIDA DE UMA MÃE ESPIRITUAL - FLÁVIA<br />
Tenho 18 anos. Cheguei aqui em janeiro de 2009. Vim pra cá quebrada na alma, nos sentimentos, tentando juntar os pedaços e em pouco tempo entendi que seria pesado demais conseguir fazer isso sozinha. No ano anterior foi a tempestade e aqui veio a bonança. Terminei o ensino médio aos 16 anos e ao completar 17 logo no início de 2008, ganhei um presentão da minha mãezona que me criou sozinha e foi sempre um referencial pra mim. O presente foi ir pra Austrália, berço do surf, pra competir no circuito internacional. Gente de todos os cantos do mundo participou. <br />
Voltando do campeonato eu estava profundamente deprimida. Pela derrota? Não, não foi uma derrota esportiva, foi uma das lições que a vida dá, uma derrota da vida. Quando voltei, ainda em forte depressão, pude ouvir a conversa de Peter, primo de minha mãe que apesar de ser um pouco mais novo do que ela e um pouco mais velho do que eu, é como uma figura de pai pra mim: <br />
- Como está a Flávia?<br />
- Como ela pode estar? Péssima. <br />
- Tá no quarto, né?<br />
- Tá.<br />
- Chame aqui, por favor.<br />
- Não precisa chamar, já tô aqui. – eu respondi e me joguei nos braços de Peter.<br />
- Tava morrendo de saudade, Peter, que bom que você tá aqui.<br />
- Minha princesinha do surf. – ele me chamava sempre assim<br />
- Meu rei dos mares. <br />
- O rei dos mares tá aqui pra dar uma boa notícia.<br />
- O que? – perguntei sem entusiasmo<br />
- Você pode retomar seus treinos depois deste tempo que ficou de molho, ou melhor dizendo: “a seco” numa academia em Floripa.<br />
- Mas ela já é praticamente profissional! – minha mãe se indignou – Depois de um torneio na Austrália você quer que ela vá pra Floripa?!<br />
- Prima! Que é isso?! Parece antinacionalista! Nós somos descendentes de europeus, mas somos nascidos e criados no Brasil! Ai de quem diga que eu não sou brasileiro! É como diz na música: “Eu sou brasileiro, meu todo revela que a minha bandeira é verde amarela”! <br />
- Peter... Eu não sei se quero ir. – eu disse <br />
- Por que não?<br />
- Ah...vai me lembrar tudo... – comecei a chorar e Peter me abraçou<br />
- O que cura uma dor é procurar pelo que você gosta no lugar onde sejam curadas as feridas. É como tá na Bíblia: Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Isaías 53 : 5). Eu senti o que é isso e você vai sentir.<br />
Apesar da minha relutância, Peter tava tão determinado que aquela injeção de ânimo contaminou minha mãe e logo a seguir a mim. Eu fui. Cheguei retraída, mas ouvi com atenção as recomendações do Allan. <br />
- Todos vocês aqui estão em busca de um ideal. Ninguém vence ninguém, todos competem. A vida é eterna luta. A competição que se vê por aí é um tentando derrubar o outro, mas não é esta a nossa visão. Há quase 20 anos treino candidatos aqui e não houve vez alguma que não saíssem daqui grandes amigos. Por incrível que pareça, mesmo na perda um abraçava o outro e abençoava o seu sucesso. Os aparentes perdedores sempre tiveram metas. Os que não puderam ir disputar no circuito internacional, muitos deles se tornaram excelentes treinadores, alguns me assessoraram e estão aqui até hoje, outros foram com alunos daqui pra outras partes do mundo pra treiná-los lá. Não há perdedores aqui, todos adquirem experiência. Tudo o que se aprende aqui é importante. Não há lugar para exibições em nenhum sentido. Não admito rivalidade e aos que estão ainda com 17 anos, lembrem-se que são menores e somos responsáveis por vocês. Os de 18 são maiores, mas têm que cumprir com horários e obrigações. Aqui todos lavam suas roupas, arrumam seus quartos e lavam seus pratos. <br />
Depois de mais algumas explicações, Allan apresentou a Carla que ia dar umas aulas de aeróbica e mandou a gente ficar à vontade e ir surfar de uma maneira bem descontraída. Eu tava ainda chateada e fiquei afastada do grupo. Quando voltei da água, reparei que Carla me observava ao lado de Alessandra. <br />
- Flávia, a gente tava te observando, você surfa muito bem. – Alessandra elogiou.<br />
- ‘Brigada... – agradeci de cabeça meio baixa e Carla, sorridente, levantou meu queixo com a mão e me olhou com uma ternura que dava até pra ver os olhos brilhando por detrás daqueles óculos escuros.<br />
- Cabeça erguida minha linda.<br />
- Ela é minha amiga desde que me entendo por gente. – Alessandra abraçou Carla. Senti que havia uma amizade muito forte entre as duas.<br />
- Nós somos xipófagas de coração! – Carla enfatizou.<br />
- É... – Alessandra riu<br />
- Gente, eu tenho que entrar. Vou deixar vocês se conhecerem mais, o tempo da Carla aqui vai ser curto.<br />
Alessandra nos deixou a sós e Carla permanecia olhando pra mim com ternura.<br />
- Se eu tivesse tido uma filha queria que fosse tão linda quanto você.<br />
- Você não tem filhos?<br />
- Tenho um. Um gatão. Tem 15 anos e veio comigo. Ele tava tão cansado que ficou vendo TV lá dentro e dormiu no sofá.<br />
- Sei...<br />
- Você parece triste.<br />
Logo que ela falou isso, não agüentei e chorei. Deus havia mandado um anjo pra me consolar, naquele momento difícil e desabafar como faria com minha mãe. Ela me abraçou. <br />
- Chora. Também tive quem me oferecesse os braços em momentos difíceis e te ofereço os meus. Se não quiser falar agora, não fala, só chora, esvazia tudo. <br />
Chorei mais e mais de soluçar alto. Não senti vergonha. Senti liberdade pra chorar naqueles braços fortes que me acolhiam. Nunca fiquei tão à vontade com uma pessoa que acabava de conhecer, mas ela era especial. Depois que respirei fundo, ela me deu uma água de côco. Sentamos e conversamos.<br />
- E aí, quer falar? <br />
- Eu...tô até gostando de estar aqui, mas tô vindo pra esquecer e não consigo.<br />
- Você tá aqui pra se curar.<br />
- Como assim?<br />
- Só Deus sabe o que tá sentindo. Ele sabe de tudo, mas eu só vou saber se você falar.<br />
- Você teve alguma desilusão quando era da minha idade?<br />
- Você tá com quantos anos?<br />
- Fiz 18 há pouco tempo.<br />
- Sei... Exatamente na sua idade m apaixonei na hora errada, mas depois passei a amar na hora certa.<br />
- Cumé que é?! - Perguntei achando graça. Aquele comentário estranho me descontraiu. <br />
- É louco, mas foi o que aconteceu comigo. Eu conheci um homem mais velho, ele era casado. Eu não queria ter nada com ele, mas a persistência dele foi tanta que não agüentei. Cedi. Fomos infelizes, ele teve que se afastar. A mulher dele tava doente. Eu tava grávida e ele nem soube logo. Em pouco tempo fiquei sem ele, perdi o neném e meu pai morreu.<br />
- Pôxa... O que você falou antes pareceu até engraçado, mas agora eu fiquei triste.<br />
- Foi triste, mas eu aprendi o quanto Deus pode perdoar e deixar a gente recomeçar depois que reconhece o erro. <br />
- Eu... também perdi um filho.<br />
- Não foi por acaso que eu quis falar com você. Quando a vi surfando isolada, senti que tava perdida no meio do grupo. Quer contar como foi? <br />
- Eu fui competir na Austrália ano passado. Conheci um garoto japonês, Takaki.<br />
- Atração à primeira vista?<br />
- É...<br />
- Aconteceu lá?<br />
- Depois do campeonato na Austrália a gente comemorou até demais. Voltei pro Brasil e participei de um campeonato Saquarema. Ele também participou. <br />
- E aí?<br />
- Ficamos juntos de novo, mas ele não queria nada de sério. Ia a festas, enchia a cara e pegava várias garotas. <br />
- Em resumo, o cara queria só bagunça, né?<br />
- É... – chorei novamente – Eu fui surfar no exato momento em que o vi de agarramento com uma garota numa festa que tava rolando na praia. Queria descontar minha raiva no mar. Eu bem senti que minha regra tava atrasada, mas não tinha certeza de nada. Levei um pancadão no mar, pois tava desconcentrada. Tive uma hemorragia e se não tivesse salvamento por perto, eu teria morrido afogada. Matei meu filho sem querer...- chorei mais ainda e ela me abraçou <br />
- Minha linda, desilusões amorosas todos nós estamos sujeitos a sofrer. Se eu tivesse 18 anos hoje, com a cabeça que tenho, esperaria o momento certo de me entregar depois do casamento. Você parece uma pessoa muito sensível, isso te machucou muito. Mas tem alguém que cura as feridas e cujo nome é acima de todo nome: Jesus. Foi Ele que te trouxe aqui e foi ele que me uniu novamente ao pai deste filho que perdi. Eu o reencontrei depois que ele enviuvou e ele me apresentou a Este Deus maravilhoso que sara cura e liberta. Nossas vidas foram restauradas, nós nos casamos e ele me deu o filho que temos. Tá vendo este mar revolto? E aí que Deus joga tudo o que fizemos de errado depois que nos entregamos a Ele. Responda sem pensar: quer aceitar Jesus como seu único e suficiente salvador? <br />
- Eu...<br />
- Tá pensando muito. Você não pensou pra errar, agora não pense pra acertar.<br />
- Você diz umas coisas assim tão... Tão...<br />
- Loucas, né? É isso mesmo. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; (I Coríntios 1 : 27) desde que me casei foi esta a palavra que mais assimilei por que resume tudo o que vivi. Depois vou mostrar a você minha história que tá no blog VIDAS SEPARADAS e você vai ver o título que dei ao capítulo do dia do meu casamento: UM DIA LOUCAMENTE ESPECIAL. As coisas de Deus são tão maravilhosamente loucas que eu sou cada vez mais louca por Ele. Quer enlouquecer por Deus e saber como Ele transformará loucamente sua vida, numa loucura de amor ágape, de renovação, de esperança? Foi através da transformação da vida do Marcos, meu marido que entendi isto. Ele era tão safado quanto este garoto que você falou, mas Deus o transformou e pode até transformar esse garoto. Não digo que você vá ficar com ele um dia, pois cada caso é um caso e o meu foi uma experiência que Deus queria que eu passasse. A sua é só sua.<br />
- Eu quero este Deus. <br />
- Repita comigo: Senhor Deus, creio que tu és o criador dos céus e da terra e que deste seu amado e único Filho Jesus para que eu tivesse a vida eterna e eu O aceito como meu único e suficiente salvador. Perdoa os meus pecados e escreve o meu nome no livro da vida. Eu te agradeço em nome de Jesus, amém.<br />
Repeti até o fim e a partir dali tive uma vida nova e nunca me esqueci da Carla que passei a amar como uma mãe.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-14190978663430928772010-12-12T02:12:00.001-08:002010-12-12T02:12:58.507-08:00CAPÍTULO II - RECICLANDO - ALESSANDRARECICLANDO - ALESSANDRA<br />
Meu marido Allan e eu estamos casados há 18 anos. Os alunos que vem a cada ano são um presente pra nós. Tenho saudades de todos aqueles que aqui aprenderam técnicas de surf e acima de tudo o que é a vida em conjunto. Aqui não só se compete, mas aprende-se o que é relacionamento em grupo. O bem estar de todos é o principal. <br />
Enquanto estava escrevendo, senti que alguém chegou devagarinho e tapou meus olhos. Sou boa em tato, toquei as mãozinhas e pra minha alegria, sem pensar disse:<br />
- Natalinha! – eu gritei de emoção<br />
- Oi, minha “boadrasta!” – ela me abraçou carinhosamente<br />
- Que saudade! Como você tá linda!<br />
- Não mais do que você.<br />
- Puxa o saco da madrasta, puxa!<br />
- “Boadrasta!” de todos os defeitos que você possa ter, você nunca vai ser madrasta.<br />
- Seu pai já viu você?<br />
- Já. Ele tá lá na casa dos garotos com o Sérgio, – Sérgio é o marido de Natalinha - não esperava que eu viesse tão cedo.<br />
- Presente de fim de ano. Que bom que vocês passaram a lua de mel aqui.<br />
- Só que foi rápido. Agora vamos voltar só em janeiro.<br />
- Ah! Que máximo, como diz a Brenda! Já esteve com a Virgínia?<br />
- Claro. Como mãe ciumenta que ela é, me bateria se eu não fosse ao Rio primeiro pra vê-la. Depois ela quer que eu volte no natal, mas ano novo passo aqui e depois fico mais um pouco lá pra ela não se sentir abandonada.<br />
- É bom saber dividir. A gente vai passar o natal com a Brenda. Como estão seus irmãos?<br />
- Todos ótimos. Por falar nisso, Cris não taí, né?<br />
- Foi à casa de umas amiguinhas aqui perto.<br />
- Pôxa, eu fiquei triste de não ter podido vir aos 15 anos dela! Vi as fotos na internet, minha irmã já é linda, como debutante então, tava arrasando.<br />
- Minha princesinha...<br />
- Caprichou, boadrasta.<br />
- Sabe que eu às vezes penso que se a gente morasse junto, será que nos daríamos tão bem?<br />
- Ah, eu tive um ciuminho logo que soube que você e meu pai iam se casar, mas passou.<br />
- Te conquistei logo, né?<br />
- Você tinha mais paciência que ele.<br />
- Ele continua sendo rigoroso, mas quando precisa é amoroso também.<br />
- Comigo ele sempre foi linha dura, mas eu aprendi muito.<br />
- Ah, mas ele sempre te paparicou muito também. Lembra quando ele deu uma bronca quando você se sujou toda de suco no carro? Depois ele só de ver sua carinha triste parou o carro e te abraçou.<br />
- Também eu tinha só 4 aninhos. <br />
- Você sabia como comover todos nós desde cedo.<br />
- Pois é.<br />
- Acabei de escrever um blog e olha só como Deus faz as coisas, a Brenda e a Carla também escreveram. A gente reuniu tudo e montou uma história sobre a gente. <br />
- Que massa!<br />
- Olha só o título: VIDAS SEPARADAS.<br />
- Muito maneiro, boadrasta. <br />
- Menina, teve gente comentando, dizendo que tava emocionante o blog, respondi e-mail, conversei na internet. Querem saber se já tem livro, mas eu adiantei que é só o blog por enquanto. E você agora tá aqui vendo nascer a continuação. Seu pai escolheu um subtítulo: ONDAS DIVINAS. <br />
- Tenho certeza de que o blog tá impactando muitas vidas. É como tá escrito: E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. (Jeremias 29 : 13). Muitas pessoas podem começar a ler e não ter esta visão, mas todos estão carentes de Deus e vocês têm experiências muito fortes pra contar. Através dos testemunho de vocês vai saber quem é Ele. Este novo blog tem muitas carinhas novas, né?<br />
- Meus filhos de coração. Todos estes vão disputar no fim do ano.<br />
- Esta menina aqui é linda.<br />
- Ah! É a Flávia. Um amor de menina. Você vai conhecer.<br />
- Tem um depô aqui abaixo da foto dela.<br />
- Um testemunho. Esta menina chegou aqui ano passado, espiritualmente quebrada. Carla tava aqui com o Biel, deu umas aulas pra galera, foi show! <br />
- Tô com saudades da Carla também. Ela deve estar na maior atividade, né?<br />
- Aquela não para! Chega a ter mais disposição que o filho! Tem gente que nem acredita que ela já tem 42 anos e quem não conhece até se espanta quando ouve o Biel chamá-la de mãe. <br />
- É mesmo, ela tá “inteiraça”. Tô curiosa pra ler o testemunho desta menina, Flávia.<br />
- Vou ceder o computador pra você e ver como tá tudo lá fora.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-27351239512642699652010-12-11T02:18:00.001-08:002011-02-05T07:36:41.602-08:00VIDAS SEPARADAS 2 - ONDAS DIVINASINTRODUÇÃO<br />
Aqui começara a 2ª parte de VIDAS SEPARADAS. VIDAS SEPARADAS 2 – ONDAS DIVINAS<br />
Assim como na primeira parte há uma há narrativas alternadas, mas com uma diferença: cada personagem cuja história está destacada é o narrador. Os leitores poderão apreciar e dar sugestões com seus comentários. Esta continuação é uma homenagem a todos os que acompanharam postando suas apreciações na parte anterior. Espero que gostem. Seus comentários são muito importantes, pois estarão ajudando a escrever com suas opiniões. Deixem suas sugestões, a história é flexível e poderá ser desenvolvida através da participação de todos.<br />
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<br />
CAPÍTULO I<br />
VENCENDO COM JESUS - ALLAN<br />
Olá, estou tendo a honra de começar a segunda parte deste blog. Estamos com 56 seguidores e sei que muitos se emocionaram lendo a primeira parte.<br />
Sou professor de surf, um surfista de Deus. Quando muito jovem, eu levava a vida sem muitos compromissos, mas hoje O Senhor é meu compromisso. O surf é de Deus e o mar foi uma das mais belas coisas da natureza que Ele criou. Quando aprendi todas as técnicas do surf, o equilíbrio do corpo, a agilidade, os treinos constantes, eu estava conhecendo também a palavra de Deus. Daí, comecei a entender a correlação da palavra com os treinos, como na passagem: “Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível” (I Coríntios 9: 25). Sempre me empenhei para ter a melhor performance no mar. Na minha mente estava sempre o pensamento: hei de vencer! Como disse Paulo: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (II Timóteo 4 : 7). Este combate sempre se reinicia, na pregação da palavra temos novos desafios como nas competições do surf. <br />
Meus alunos sempre foram excelentes, mas infelizmente não dava pra escolher a cada ano mais do que um garoto e uma garota pra ir competir como prêmio depois da competição anual, no circuito internacional. Ensinei, mas aprendi muito. Nos primeiros tempos, eles eram como irmãos mais novos. Com a idade, passei a vê-los como filhos. Cada vida uma história diferente, mas aprendendo unidos num mesmo ideal de competir aprendendo que estamos todos juntos, não é ninguém contra ninguém. Não ser classificado nas etapas finais não significa absolutamente uma derrota, tudo é experiência. Fui sempre duro com as regras, mas também amigo, compreensivo e para estabelecer uma noção de respeito, fui muito rigoroso. As normas sempre foram rígidas, pois com a vivência da palavra, sei como estão aqueles que não conhecem as leis espirituais e toda a bagagem que trazem de fora. Aqui em Floripa, temos duas casas que abrigam os alunos de surf. Uma para os meninos e outra para as meninas. <br />
Minha fiel companheira Alessandra, espôsa dedicada sempre me ajudou e nossa filha Cristina 15 anos, é bem mais nova do que a galera que está entre 17 e 18 anos, mas treina desde pequenininha. Nossa vida se divide entre Floripa e no Rio no nosso apartamento em Copa. Minha filha mais velha, Natalinha, uma moça de 21 anos, mas assim como a Cris, ela é a minha menina, também aparece quando pode. Aprendeu muitas técnicas de esporte, mas as técnicas de evangelismo são o seu ponto mais forte. Ensinei muitas coisas às minhas filhas. Também aprendo com elas. <br />
No fim do ano haverá a competição final. O pessoal tá tenso, eu procuro passar segurança e eles confiam em mim, pois eu os ensinei sempre a perseverar e eles foram aos poucos superando aquelas tensões iniciais. Todos têm uma história pra contar e aqui todos são personagens principais. <br />
Minha querida esposa, sempre me apóia como uma verdadeira ajudadora. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. (Gênesis 2: 24). Nossa história teve desencontros e reencontros. O que mais apreciei em Alessandra é que muito antes de convertida, ela já tinha dentro de si o amor ágape e nem sabia. Deus já a estava preparando. O nosso reencontro depois de mais de quatro anos embora parecesse casual, marcou um novo tempo nas nossas vidas. Eu já estava com o Senhor e ela pode sentir a luz d’Ele através da minha vida. Carla se converteu antes e Brenda já dava um grande testemunho sendo o esteio da amizade das três que sempre foram mais unidas que irmãs. Foi assistindo as técnicas do surf e meu relacionamento com os alunos e depois vendo a transformação de Carla que Alessandra se encantou com Este Deus maravilhoso e abriu a porta para Ele. Um dia nos casávamos e nossa família cresceu e se multiplicou numa grande família de Deus, na igreja, na academia com as vidas que ganhamos. VIDAS SEPARADAS pra Deus, vidas alcançadas pelo amor de Cristo. <br />
- Amor. – Alessandra me chamou<br />
- Oi, querida. – ela chegou mansamente e encostou perto de mim.<br />
- Tava escrevendo no blog? <br />
- É, li os comentários das pessoas que leram a primeira parte e tô tentando fazer a segunda. Não sei se sou tão bom de escrever quanto vocês.<br />
- O lance é escrever com o coração, amor, de uma maneira simples. O blog tocou muitas pessoas. As narrativas fizeram gente chorar.<br />
- É... Até eu me emociono quando releio como se fosse a primeira vez.<br />
- Eu passei por momentos tristes, mas serviram pra crescer. Eu era uma menina assim, meio mimada, meus pais se pararam e eu era ainda muito nova, Brenda e Carla no mesmo dia sabendo que iam se separar de mim. Foi uma tripla separação, mas tudo valeu como experiência, no fim, nos ficamos mais unidas. Tudo tem seu saldo positivo.<br />
- A vida é isso mesmo amor, mas com Jesus, tudo é lucro. A gente pensa que tá perdendo mas ganha muito mais com Ele.<br />
- Pois é. Que história que eu, Brenda e Carla teríamos pra contar se aquela manhã de praia se encerrasse como tantas outras?<br />
- Que história eu teria pra contar se não tivesse havido um reencontro entre a gente?<br />
- Foram necessários muitos desencontros nas nossas vidas pra que um dia houvesse o reencontro que fez delas uma só vida. <br />
- É mesmo, amor.<br />
- Eu já tenho um texto pra escrever no blog.<br />
- Então, manda! Vou voltar lá pra fora, a galera tá nos últimos treinos.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-28583038973175226092010-07-10T15:59:00.001-07:002010-07-10T15:59:31.493-07:00NOTA:Devido ao interesse de alguns leitores, a estória VIDAS SEPARADAS terá uma continuação que ainda está sendo escrita, porém não de uma maneira convencional, prosseguindo exatamente do fim e sim um texto com vários personagens desta 1ª parte, obviamente com destaque para Brenda, Carla e Alessandra. Cada capítulo tem um narrador diferente, ou seja, cada personagem contando o seu testemunho. É o meu presentepara todos os que acompanharam como seguidores e deixaram e ainda deixam seus comentários. Você que está lendo ou que ainda não leu ou só postou no início ou só no fim, por favor, leia e poste nos outros capítulos para que o escritor possa ter uma melhor apreciação de seu texto. Obrigado a todos e aguardem.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-1738919293684143452009-11-29T01:43:00.000-08:002009-11-29T01:44:00.903-08:00CAPÍTULO XXXVSE AQUEÇAM COM O MEU CORAÇÃO – BRENDA<br /> Ai...41 anos. Como o tempo passou rápido. Dia 14 de setembro de 2009. O dia tá meio nublado e eu aqui terminando de escrever neste blog. Carla, eu e Alessandra, VIDAS SEPARADAS pelas circunstâncias, mas nunca separadas da amizade e muito mais separadas para o SENHOR. Vencemos as lutas. Alguém pode achar que eu não tenha tido tantas, mas as lutas de Alessandra e Carla sempre foram minhas lutas. Depois de alguns anos como coordenadora numa escola, abri a minha, CORAÇÃO DE DEUS em Madureira onde atualmente moro e estou no computador do meu escritório escrevendo. Recebo meus “adocelentes” – falo assim, pois não vou amaldiçoar ninguém e chamar de aborrecentes, que horror! - no gabinete pra ouvir suas alegrias e tristezas. Algumas queixas: “Pô tia Brenda, meu pai ou minha mãe, não se ligam! Não me entendem!” Eu digo: “Meu querido, minha querida, Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; (Efésios 6 : 2). Quando ficam ansiosos, lembro que tudo tem seu tempo, leia Eclesiastes.” Disciplino com muito amor e programo passeios pra aprenderem com a bela natureza que o Pai criou e nos deu pra cuidar e comparo o cuidado dela, com o meu com eles, que são minhas flores que rego.<br /> Eu e Márcio, meu marido, somos pastores. Temos um casal de filhos: Daniel de 16 anos e Débora de 14.<br /> Daqui a pouco vou almoçar com Alessandra e Carla.Alessandra divide-se entre Copa e Floripa onde ajuda Allan a treinar a galera na academia de surf e Carla mora no Centro. Tiramos um tempo pra nós. Comemoramos mais de uma vez nossos aniversários no ano passado, fizemos uma festa especial juntas. 40 anos, idade marcante. Dizem que a vida começa nesta fase, mas tô sempre recomeçando e minhas amigas também.<br /> O Gabriel, filho da Carla tá um gatão de 16 anos e a Cristina, da Alessandra vai fazer em 15 dias, 15 primaveras. <br /> Natalinha filha do Allan, casou no início deste ano. Ela já rodou o mundo participando de missões, trabalhou e morou na Itália e fez cursos na Irlanda do Norte. <br /> Marion, filha mais velha do Marcos tem um filho de 13 anos, Tiago e uma filha de 10, Joana; Marcele filha do meio, casou-se há 8 anos e teve dois filhos: Vitor que tá com 6 anos e Isabel, com 4. Marquinho, o filho caçula é recém casado. <br /> Como é lindo ver a família de Deus crescer! <br /> Bem, vou terminar, talvez depois escreva mais algo. Fiquei de encontrá-las no Centro às 12:30. Uma chuva se anuncia, mas isso não atrapalha. Chuva de bençãos como tantas que recebemos e depois das tempestades vieram as bonanças. <br /> Abraços, risos e lágrimas de emoção. São sempre assim nossos encontros. Minhas gataças de 41 anos, enxutas, lindas! <br />- Menina, já não podia mais de saudades! – Alessandra quase me sufocou me abraçando. <br />- Isso é que é morrer de saudade! Quase me mata também! – eu brinquei também apertando a loiraça enxuta <br />- Brenda, minha amiga, minha irmã, minha querida, minha fonte de luz, minha mãezinha que cuidou de mim quando eu tanto precisei! – Carla também se abraçou comigo<br />- “Amigas eu nunca vou desistir de vocês e pelas suas vidas vou interceder, mesmo que eu esteja longe, meu amor vai encontrar vocês por que vocês são impossíveis de esquecer”! – cantei pra elas<br />- Ai, querida! Brigada! Também amo esta música! – Carla agradeceu abraçando-me<br />- E eu também! – Alessandra disse - Amor da minha vida! – e me abraçou também.<br />- Ela é minha também! E você também! – Carla abraçou-me também, abraçando Alessandra <br /> Abraçamo-nos todas as três. Pessoas que passavam achavam-nos três malucas. Três grandes loucas por Jesus e do amor ágape.<br /> Mais um almoço, inesquecível. <br />- Ai, gente, quantas voltas a vida dá, né? – Alessandra comentou<br />- Gente, eu tava até a pouco tempo escrevendo meu blog, narrando tantas coisas das nossas vidas. – eu comentei<br />- Eu também. No dia em que nossas vidas foram separadas – Alessandra lembrou.<br />- Nossas vidas podem ter sido separadas, mas nunca nos desgrudamos. – eu acrescentei<br />- Somos gêmeas xipófagas de coração. – Carla brincou - Eu também registrei esses momentos no meu blog. <br />- Nossas vidas foram separadas pra Deus. – eu frisei<br />- Taí. VIDAS SEPARADAS, bom nome prum texto. – Alessandra opinou<br />- Como você sabe? – perguntei espantada<br />- Por quê? – Alessandra devolveu a pergunta <br />- Foi título que eu coloquei quando tava escrevendo do dia 08 de agosto até hoje.<br />- Eu também pensei num título assim sobre nós. – Carla falou<br />- Confirmação do Espírito Santo. – eu constatei<br />- Quantas coisas nós passamos. Encontros, desencontros e reencontros. – Alessandra lembrou dando um suspiro.<br />- É.. mas estamos sempre juntas. – Carla olhou pra nós com emoção derramando uma lágrima.<br />Unimos as mãos e cada uma beijou a da outra.<br /><br /> Leva o meu coração contigo, <br /> Guarda o meu coração amigo<br /> E nos dias de inverno e solidão se aqueça com o meu coração. <br /><br /><br /> FIMVinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-9078922222840193612009-11-28T03:11:00.000-08:002009-11-28T03:12:01.680-08:00CAPÍTULO XXXIVUM DIA LOUCAMENTE ESPECIAL – CARLA<br /> 10 de outubro de 1992. Um dia loucamente especial. Por quê? Ninguém poderia imaginar que aconteceria, “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” (I Coríntios 1 : 27) Eu e o Marcos nos casávamos naquele dia. Louco né? Mas a gente foi tão louco um dia, tão inconseqüente, tão egoísta, enfim, tão tudo o que desagradava a Deus, que Ele mudou tudo na gente: um dia nós estávamos loucos por Ele. Claro que não foi fácil, houve todo um processo de mais de um ano pra que os filhos do Marcos não me vissem mais como a outra do pai que veio tomar o lugar da mãe deles. Os três já estavam na igreja desde o tempo que a Helena era viva. Marion, a mais velha, já tava com 18 anos e teve algumas reservas tanto quanto a Marcele, que já tinha 15. <br /> Uma das minhas estratégias de aproximação foi nos 15 anos da Marcele. Achei que não devia participar da festa, pois pensei que seria pra família, mas fui lá antes e deixei meu presente. Falei com ela, pedi que me perdoasse, que só ficaria com o pai deles se fosse realmente da vontade de Deus. Ela até se sensibilizou e perguntou se eu não queria ficar, mas eu agradeci e expliquei que fui lá só por que queria o perdão dela e que com o tempo poderia ser que seus irmãos também me aceitassem. Marquinho estava com 10 anos e sentia muita falta da mãe, foi muito traumatizante pra ele. Era natural que a Marion se sentisse como uma segunda mãe sendo a mais velha e poderia ver seu posto ameaçado, mas disse à ela o mesmo que disse à sua irmã. Entreguei tudo a Deus e esperei n’Ele. <br /> Enfim, casamos, vencendo as dificuldades, orando, jejuando, conversando muito com o pastor. <br /> No dia do meu casamento joguei o buquê. Quem pegou foi Marion, que casou dois anos depois. <br /> Mas voltando ao meu casamento, foi um dia loucamente e especialmente feliz. Alessandra e Brenda tavam lá na maior emoção. Brenda tava grávida de três meses do primeiro filho, Daniel. <br /> Em 12 de agosto de 1993, nasceu meu filho, Gabriel. Lindo! Com meus olhos, minha tonalidade de pele meio amorenada, mas com os cabelos castanhos escuros uma mistura dos meus cabelos negros com os cabelos claros do pai.<br /> Marcos passou a produzir shows pra artistas evangélicos o que mais tarde originou uma empresa, um grupo que mantem até hoje uma rádio gospel, editora de livros e uma gravadora. Eu passei a ensaiar a galera adolescente da igreja pra coreografias de louvor e a Marcele também participou, formando novos grupos. <br /> Alessandra teve também uma filhinha que nasceu no dia 29 de setembro de 1994: Cristina, lourinha de olhos azuis e linda como a mãe.<br /> Nós tivemos nossas vidas separadas pelas circunstâncias, pela distância, mas só fisicamente, pois nossos corações foram juntos um com o da outra. Sei que eu dei trabalho às minhas amigas, mas elas nunca encararam assim. Sempre fui considerada uma parte delas assim como sempre as senti partes de mim. Chorei com elas, sorri com elas, me emocionei com elas, ri com elas. Sempre com elas.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-46915944517247118202009-11-27T07:22:00.000-08:002009-11-27T07:23:32.677-08:00CAPÍTULO XXXIIIAMOR EM FLORIPA E EM OUTRAS ROTAS – ALESSANDRA<br /> Reencontrei Allan nova criatura. Passei a ser uma nova criatura também e com Allan, descobri o verdadeiro amor em Floripa. Conheci a academia do surf e me encantei. Passei a ser a treinadora dos grupos. Uma experiência fascinante, uma galera irada, mesmo sendo um grupo variado de cabeças pensando diferente em relação às normas da academia, mas tinham uma coisa em comum: não aprender só as tarefas, mas na prática o que era uma vida com Deus. Mesmo que chegassem rapazinhos ou garotas entre seus 17 e 18 anos que ainda não houvessem aceitado Jesus, só de ver o procedimento dos colegas, começavam a se encantar com aquele Deus e os treinos, o companheirismo, a amizade, as trocas de idéias sobre as resoluções de problemas, a disciplina que Allan exigia, a liderança sempre com muito amor a vivência da palavra de Deus e a confiança que ele passava ao grupo eram os ingredientes perfeitos para originar a fórmula infalível de conversão. Lá mesmo na igreja de Floripa deu-se a nossa união, no dia 28 de março de 1992. Eu nem poderia imaginar que 6 anos depois do desencontro que houve entre a gente nos casaríamos, mas Deus transforma tudo, como está escrito: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Coríntios 5 : 17)<br /> Outra vez houve aquela tradicional brincadeira de jogar o buquê. Outra vez Carla pegou. Ela continuava pedindo direção a Deus e esta era uma forma de resposta. Claro que também através de muita oração e jejuns. Passamos 15 dias em lua de mel no Havaí. Interessante é que quem estava lá também em lua de mel, era Adriana , a mesma com quem desfiz relações por causa de Allan. Ela já havia vivido com um cara e não tinha dado certo. Depois se casou na igreja e com festa bancada pelos pais. Aproveitei pra falar de Jesus com ela. Senti que ela ouviu por educação. Não tivemos mais muito contato, só sei que se formou também em Educação Física, continua hoje com o mesmo marido e tem duas filhas. <br /> Brenda já era professora. Dava aula para turma da 1ª série do seguimento naquela época ainda chamado de 1º grau. Continuava trabalhando na loja, pois o salário de professora não dava. Depois de quase 10 anos juntando dinheiro ela poderia montar seu próprio colégio. Márcio, seu marido a ajudou a montar e administrar o colégio. Já era diácono na igreja e criou um grupo de teatro que se expandiu, ganhando muitas vidas pra Jesus.<br /> Eu e Allan passamos a participar de campeonatos patrocinados pela igreja em parceria com empresas de surf e fazíamos missões por onde íamos, ganhando vidas pra Jesus. Beto também participou de algumas missões que a gente foi com outros irmãos da igreja. “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.” (Mateus 16 : 24)Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-24315694271991662372009-11-26T06:58:00.001-08:002011-04-04T16:05:26.469-07:00CAPÍTULO XXXIIO DIA MAIS IMPORTANTE DA MINHA VIDA – BRENDA<br />
Dia 14 de dezembro de 1991, o dia mais importante da minha vida. Carla na presença do SENHOR, com um sorriso que irradiava luz e felicidade. Alessandra, ao lado dela, tentava conter a emoção. Eu, trazida pelo meu amado pai com quem tanto aprendi, sempre com zelo por mim, entregando-me ao Márcio que me receberia por sua esposa. Um dia perfeito.<br />
Conversei com minhas amigas, que bom que houve um tempinho pra isso. <br />
- Mais uma etapa vencida, hein, Brenda? – Carla falou com seu sorriso que agora emanava O Espírito Santo de Deus. <br />
- É, minha querida. Como é bom estar com vocês aqui. Que momento feliz... – chorei de emoção e elas também.<br />
- Carla. – Alessandra olhou pra ela. – Você é outra, tá linda.<br />
- É a beleza do SENHOR. – Carla acrescentou.<br />
- Carla, minha querida... - Alessandra procurava conter o choro. – Eu sofri tanto por você, eu tinha tanto medo que você pudesse até se suicidar. Se você fizesse isso, você me mataria também. – Alessandra acabou de falar isso e Carla a abraçou também chorando.<br />
- Não, Lessandra. Eu não faria isso mesmo quando tava em profunda depressão. Seria uma ingratidão com Deus e com vocês, que me trataram como seu eu fosse um neném indefeso quando tava internada. Você, Brenda, até me dava comida na boca, lembra?<br />
- É... – eu chorei também olhando pra ela – Eu ficava feliz em cuidar de você. Foi um grande aprendizado. Já ganhei tantas vidas que tavam naquela clínica pra Jesus.<br />
- Que bom né, Brenda? – Carla comentou com satisfação – Seu empenho em cuidar de mim, serviu muito pra eu persistir. É bem verdade que eu custei mais um pouco a aceitar Jesus, mas foi um ponto decisivo pra mim, um alerta. Eu já tinha uma consciência de que tava pecando com a minha relação com o Marcos. Sei que Deus permitiu que eu perdesse o neném, pois eu não teria condições de criá-lo com a cabeça que eu tinha e com a vida que eu levava. Eu queria abraçar o mundo com as pernas, queria driblar a vigilância dos meus pais, fui dissimulada, fingida. Eu era mesmo uma criançona querendo se fazer de mulher. Eu queria competir com todas aquelas que começaram mais cedo, como se o fato de eu ser amante de um homem casado me fizesse sentir superior a elas. A gente quando deixa de ser pura assim, antes do casamento, traz toda aquela bagagem do mundo, aquela malícia, conceitos de que toda garota tem que ter uma experiência antes e você é que vai viver agora uma grande novidade de vida. Eu entendi bem aquela passagem: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.” (Hebreus 13 : 4), Serviu pra eu entender a diferença do que era a minha vida da sua. Sabe que eu acho que tive inveja de você? Você se posicionava desde muito cedo que queria esperar o casamento e eu achava isso uma caretice.<br />
- Sua experiência serviu mesmo. Você hoje é nova criatura e não segue mais estes conceitos do mundo. – eu disse <br />
- É preciso a gente quebrar a cara quando é teimosa pra aprender. – Carla admitiu<br />
- Eu tomei uma decisão. - Alessandra disse – Depois de frequentar a igreja do Allan e ver todo o trabalho de recuperação lá e ver não só a transformação dele como também a do Beto e é claro, a sua, Carla, eu sem dúvida quero aceitar Este Deus na minha vida.<br />
- Que máximo, Alessandra! – gritei de felicidade - Não é só meu casamento, tem um casamento com Deus aqui agora! Você é a mais nova noiva de Jesus! <br />
Alessandra também repetiu uma oração de aceitação a Jesus e aquele dia era pra mim o mais importante em todos os sentidos. Parecia que eu ia explodir de felicidade.<br />
Por uma pura tradição, eu joguei o buquê e quem pegou? Carla. Sei o que ela pensou quando me perguntou: <br />
- Deve ser uma confirmação, né?<br />
- Ai, Carla! Como eu tô feliz! Isso é sinal de Deus, pode crer! – eu gritei outra vez de felicidade. <br />
Aquele dia era de festa no céu. Tava tudo tão perfeito e eu nem pensava que poderia ser tão mais especial do que eu imaginava. Não coloquei expectativas, simplesmente coloquei tudo nas mãos do SENHOR. Ele me presenteou de uma maneira tão maravilhosa, me reservando tantas surpresas. Meu casamento ficou mais inesquecível por isso. Minhas amadas amigas lá, comigo, Alessandra aceitando Jesus como seu único salvador e Carla tendo um sinal de Deus. Um Deus que podia perdoar e renovar tudo na vida dela que já era nova criatura e eu sentia que o SENHOR lhe dava uma nova chance desde que abriu a porta pra Sua entrada. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” (Apocalipse 3 : 20)Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-27793732533498176612009-11-25T04:47:00.000-08:002011-04-30T16:23:40.020-07:00CAPÍTULO XXXITE VÊEM OS MEUS OLHOS – CARLA<br />
A vida seguia e eu pensava que ela para mim não sorria. Até rimou, mas era assim que eu vivia. Rimou outra vez, né? Hoje eu sei como vejo tudo o que passei, mas era pra passar e já passou. Minha rotina era do trabalho pra casa, de casa pro trabalho. Não aceitei mais fazer propagandas, pois não queria mais fazer parte deste meio que me lembrava o Marcos. Nem me achava mais atraente pra coisas assim. Depois da depressão braba que tive e até fiquei internada, emagreci e cortei os cabelos quase curtos, pois meu rosto tava quase sumindo. O abatimento era visível, pessoas me olhavam na rua. É como se eu dissesse a quem estivesse feliz: “Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”. Minha fuga era o trabalho. Já era professora na academia em horários alternados durante a semana pouco tempo antes de me formar e logo depois que me formei ingressei noutro trabalho num colégio perto de casa, onde dava aulas de educação física três vezes na semana. Não queria aturar por muito tempo a companhia de minha mãe. Ela às vezes até falava um pouco melhor comigo, mas tinha dias que não dava. Quando comecei a emendar um trabalho no outro, começou a implicância. Lembro bem quando eu tava saindo um dia, ela perguntou: <br />
- Chegou e já vai sair?<br />
- Eu não tô no colégio também?<br />
- Ah, é. Vê se não vai arranjar nada lá também.<br />
- Arranjar o que? <br />
- Sei lá, pode ser até outra barriga.<br />
- Mãe, cê não pode ficar sem me apunhalar, né?<br />
- Ouvir a verdade dói, hein? Você já matou seu pai, vê se não me mata de desgosto, também!<br />
Eu ia pra porta, mas voltei e a encarei: <br />
- Você diz que eu matei meu pai, mas saiba que se é assim, nós estamos quites, porque você matou meu filho!<br />
- Filho de adultério!<br />
- Foi, mas não pediu pra vir e não veio porque você matou, no exato momento que me acusou de matar meu pai!<br />
Falei isso e saí batendo a porta.Cheguei a chorar na rua naquele dia. Como me sentia humilhada. Alguém espalhou meu caso com o Marcos. Provável que fosse alguma garota das que davam em cima dele nos eventos que ele produzia, pois havia muita cobiça e inveja naquele meio. A gente se achava tão esperto, mas a mente humana se trái e por mais que a gente pense que esconde bem, acaba deixando rastros como nós deixamos no dia da briga que ocasionou minha gravidez, “porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se.” (Mateus 10 : 26).<br />
Numa manhã que eu estava com a corda toda e já tinha um horário muito mais flexível de trabalho estava lá eu na academia dando aula de aeróbica. Tava no maior pique, eu me soltava dando aula, ainda era um dos meus pouquíssimos prazeres. De repente, percebo a imagem de alguém refletida no espelho. Quase me desequilibrei, quase esqueci os movimentos do exercício. Tive que pedir um tempo aos alunos. Parei um pouco e fui até ele: <br />
- Marcos...<br />
- Oi. Posso falar com você?<br />
- Claro. Desculpe o meu espanto, mas não esperava você mesmo.<br />
- Claro que não poderia esperar. Mas tô aqui. Só não quero atrapalhar.<br />
- Espera só eu acabar. Eu sigo daqui com você pra um lugar onde a gente converse mais sossegado, se você quiser. Ainda tenho um tempo.<br />
- Tá.<br />
Paramos num bar lá perto e Marcos disse que havia voltado a morar em Paciência poucos dias antes.<br />
- Eu quero e preciso pedir perdão a você. – ele disse com um olhar sincero, puro. Eu estava diante de um novo Marcos.<br />
- Marcos naquele dia eu disse que não tinha o que perdoar.<br />
- Tem sim. Eu fui obsessivo, fui mau caráter, agi como um pedófilo.<br />
- Ei! Que exagero! Eu já tinha 18 anos! <br />
- E eu 33. Lembra que você falou dos seus 15 anos? Não faria tanta diferença. <br />
- Faria. Com 15 seria mais estranho, eu era uma menina, muito purinha, mas com 18 eu já era uma universitária, já trabalhava. Eu comparei a minha pureza dos 15 por que depois adquiri uma malícia que eu não tinha antes.<br />
- Eu colaborei pra isso. Quero seu perdão.<br />
- Tá, Marcos, se você sente assim e precisa ter este perdão eu dou. <br />
- Obrigado.<br />
- Não há de que. Mas por que tanta persistência em receber este perdão?<br />
- Carla, a doença da minha mulher me ensinou muito. Ela faleceu, resistiu bem mais tempo do que era previsto, foi há um ano e meio.<br />
- Eu já imaginava. Lamento, de coração.<br />
- Ela era inconstante, difícil, por isso eu não acreditava naquela história de igreja. Mas os últimos tempos dela foram na presença do SENHOR.<br />
- Eu quero dar uma parte sobre isso. Nem sei cumé esse lance de igreja, presença do SENHOR, como cê tá falando, mas eu senti muita sinceridade no olhar dela uma vez que ela passou por mim junto com seus filhos e me disse: “Jesus te ama”. Eu até pensei que Ele não poderia me amar devido aos meus maus pensamentos, porque eu já tava ficando parada em você, embora durante muito tempo tenha resistido e ficado na minha. <br />
- Por isso que eu tinha que te pedir perdão, entende?<br />
- Se você se sentiu melhor, isso é o que importa.<br />
- Me senti, sim. Oro muito por você, sabe?<br />
- Você acabou indo pra igreja, né, Marcos?<br />
- Sim.<br />
- Pelo seu papo eu percebi.<br />
- Você gostaria de conhecer minha igreja?<br />
- Olha, eu aceito conhecer, mas não tô a fim de ser crente.<br />
- Carla, não é assim, ser crente. Você pode ter um encontro com Jesus. Eu conversei com Arnaldo. Ele gosta de você como uma filha, sabe?<br />
- Ele sempre me tratou com muita consideração.<br />
- Ele foi conivente comigo, ajudou-me a assediar você, mas acho que hoje se arrepende. Ele me preparou pra reencontrar você, disse que continuava sendo uma jovem bonita, mas com marcas de sofrimento. Eu soube que você ficou em depressão.<br />
- Que mais que ele contou a você? – perguntei assustada.<br />
- Mais nada.<br />
- Marcos, alguém espalhou nosso caso e chegou ao ouvido até de familiares meus.<br />
- É como cê disse no dia da nossa despedida Carla. “Nós pecamos e o castigo veio a cavalo.” Você sabe que foi usada pelo Espírito Santo pra dizer isso?<br />
- Acho que a educação que recebi dos meus pais e desprezei por pura pirraça, me deu a noção disso. Por isso falei que pecamos.<br />
- Mas nós pecamos. Só que não conhecíamos a extensão total desta palavra, não pensávamos nas conseqüências do pecado.<br />
- Eu acho que senti os efeitos e ainda sinto. Marcos, eu preciso contar uma coisa antes que você possa saber por outros e agora eu é que peço seu perdão.<br />
- O que?<br />
- Eu perdi um filho seu. A princípio, nem lembrei como fiquei grávida. Depois lembrei que foi em decorrência de uma briga nossa quando a gente tava de porre. A briga começou lá embaixo nos bastidores daquele show no Centro e acabou naquele quarto que a gente ficava, lembra? <br />
Marcos ficou em silêncio, abaixou a cabeça. Depois olhou muito terno pra mim e disse: <br />
- Claro que você tá perdoada, meu bem. Deve ter se sentido muito só. Agora que cê falou, eu visualizei tudo. A gente se achava tão esperto, né? Você bem lembrou na última vez que nos falamos que chegamos a nos comportar como irracionais. Eu cheguei a ser violento contigo.<br />
- Não se preocupe, não foi tanto assim, o homem carinhoso que sempre foi superou aquele momento e isso entrou no “pacote do perdão” que eu dei. Eu queria ter o filho e você poderia me pedir pra abortar, então não falei logo por medo. Depois, você contou sobre sua mulher e eu quis que fosse embora em paz, sem mais nada que o prendesse a mim.<br />
- Eu entendo sua posição. Mas um dia a verdade tem que aparecer. Pra você ver como minha mulher tava preparada pra ir pro SENHOR, ela soube de nós e nos perdoou, disse que se eu a visse novamente que falasse isso a você e que lembrasse que acima de tudo Jesus ama você.<br />
- Pôxa...ela devia estar preparada mesmo. <br />
- Carla, aceita o convite pra ir à minha igreja hoje à noite?<br />
- Tá, eu aceito. Minha amiga Brenda já é crente há quatro anos, já me chamou tanto. <br />
- Tá aqui o folheto. <br />
- Agora eu não tenho desculpa pra não ir, é bem perto.<br />
Naquela noite eu fui. Ouvi a pregação, acompanhei ao lado do Marcos pois eu nem tinha Bíblia. A palavra que foi pregada, eu lembro até hoje, foi em Jó. Ficou marcada na minha mente, tinha tudo a ver comigo: Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. (Jó 42 : 5). Como eu chorei. Nem pensei mais, fui lá na frente e aceitei Jesus aos prantos. Senti um alívio, uma paz depois que chorei uma catarata de lágrimas jorrando de mim, como se os rios de água viva do Senhor estivessem lavando e expulsando todo o mal da minha vida. Fiquei tão feliz, que cheguei em casa e falei com minha mãe.<br />
- Mãe, vem aqui, por favor. <br />
Ela veio até a mim, desconfiada, achou que eu ia dar um acesso, até bater nela, pois tava no impacto da briga ainda recente. Ela veio e eu a abracei forte. Eu disse chorando:<br />
- Mãe, me perdoa do que eu disse, que você também matou meu filho, eu tava com raiva. Eu encontrei o pai do meu filho e aceitei Jesus. Ele tá na igreja, a mulher dele morreu. <br />
- Carla...há quanto tempo você não me abraçava. Me perdoa também minha filha. Você ficou internada tanto tempo e eu ainda achei bem feito. Alessandra brigou tanto comigo, a Lúcia também. Você deve muito a essas amigas. Elas são fiéis. Eu como mãe não consegui ser o que elas foram pra você.<br />
- Não se culpa não, mãe. Você e meu pai aceitaram assinar contrato pra propaganda achando que não tinha nada demais. Escondi muita coisa de vocês, errei, mas tô sinceramente arrependida. Agora tô com Jesus e não abro.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-55598449424136569512009-11-24T03:29:00.001-08:002009-11-24T03:29:37.667-08:00CAPÍTULO XXXQUATRO ANOS DEPOIS – ALESSANDRA<br /> Enfim formadas. Eu já professora da academia e também trabalhando por minha conta como personal trainer pras dondocas de Ipa. Eventualmente aparecia em revistas sobre modas de esporte e verão. Embora meus pais pudessem me dar um imóvel pra que eu trabalhasse mais por minha conta, eu preferi não depender deles, não por orgulho, mas como uma retribuição do muito que fizeram por mim. Brenda foi um exemplo neste sentido pra mim. Ela tava noiva! Valeu a espera. Um rapaz educado, gentil, cavalheiro, um exemplo pra muitos outros. Eu continuava nos meus desencontros. Não pensava em ter um marido homem com quem compartilhasse uma vida. Brenda dizia: “Deus vai dar o seu varão.” Mas eu não tava nem aí. Achava que casamento era uma instituição mais do que falida e tinha medo de relacionamentos duradouros, intensos. <br /> Carla estava melhor, mas seu rosto não expressava alegria, parecia a personificação de uma música antiga que meu pai escutava às vezes: BOM DIA TRISTEZA. Ela tinha uma vida normal, fazia o que tinha que fazer, ia vivendo, mas era triste, todos reparavam. Depois da morte do pai, ela ficou com tanta depressão que teve que ser internada um tempo em uma clínica psiquiátrica. Eu e Brenda íamos regularmente visitá-la. Enchíamos-nos de coragem, Brenda orava antes, eu nem sabia orar, mas aceitava e concordava. Era duro agüentar o tranco enquanto estávamos lá. Brenda aproveitava pra evangelizar, lia a Bíblia pra outros internos e eles se alegravam com a presença dela, que, mesmo depois de Carla ter saído, continuou com esse compromisso. Nós animávamos Carla, éramos carinhosas, paparicávamos nossa amiga, desejando que ela saísse logo. Brenda era um anjo com ela. Tratava Carla como um neném, fazia carinho, abraçava, dava muitos beijos naquele rostinho que tava sumindo de abatimento, dava comida e depois ainda ficava com ela, fazendo carinho nos cabelos dela, que estavam mais curtos, até dormir. Brenda dizia coisas tão lindas pra Carla:<br />- Florzinha do jardim do meu coração. Tô aqui pra regar você. Jesus te ama e eu também.<br /> Na saída, eu procurava um canto e o ombro de Brenda pra chorar, pois me doía tanto ver a Carla com aquele olhar parado, cabeça baixa. Brenda me consolava e dizia que em breve ela sairia. Carla às vezes chorava, o que era até bom, pois muitas vezes nem isso ela conseguia. Ela atrasou-se um período na faculdade, pois não tinha condições de voltar logo. Houve compreensão e consideração no trabalho também. Ela teve uma licença e depois voltou a trabalhar. Antes de se formar, já trabalhava como professora na academia. Quando se formou, távamos lá eu e Brenda aplaudindo na primeira fila. <br />- Parabéns, amiga. Jesus te ama e eu também – Brenda a abraçou.<br />- ‘Brigada. – Carla agradeceu tentando sorrir<br />- Cê lembra do Márcio, meu noivo? – Brenda apresentou<br />- Ah, oi, ‘brigada por ter vindo também.<br />- Parabéns, Carla. – Márcio a cumprimentou<br />- Vamos comemorar? – eu convidei<br />- Tá meio tarde. – Carla não se animou<br />- Ah, Carla, é por minha conta. – eu insisti<br /> Acabei convencendo o pessoal e banquei junto com minha mãe um jantar informal numa pizzaria lá perto. Jacyra estava na formatura da filha por pura obrigação. Os rancores eram óbvios entre as duas. Quando Carla foi ao toalete, aproveitei pra falar com Jacyra. <br />- Jacyra, eu sei o quanto você sofreu com a perda do seu marido, mas a vida continua, sua filha tá viva.<br />- Espero que ela tenha aprendido a lição da vida.<br />- Ela sofreu muito. <br />- Cabeça não pensa, o coração padece.<br />- Jacyra, será que você nem para pra pensar o quanto foi horrível o tempo que ela ficou na clínica? Ela, nem tá curtindo a formatura. Ainda mais você com essa cara de enterro. Se alegra, mulher! Tua filha tá formada. Superou uma depressão e tem gente por aí que até se suicida! Tô te desconhecendo! Tá ficando amarga e cruel! <br /> Nada do que eu falasse ia adiantar. Jacyra não disse um parabéns à filha, ficou mais calada que ela. Minha mãe chegou a chamar a atenção de Jacyra, disse depois pra mim que teve vontade de virar a mão nela por ver tanta frieza. Eu pelo menos fiquei feliz por oferecer um jantar pra quem sempre foi, é e sempre será tão importante na minha vida. Nós éramos inseparáveis e embora as circunstâncias vida tentassem nos separar, nunca deixamos nossa amizade morrer, porque ela vai pra eternidade. <br /> Ainda pensando muito sobre os últimos acontecimentos, feliz por uma amiga que estava noiva e triste por outra que queria ver feliz também, estava eu numa manhã ensolarada de domingo passeando na rua fechada de Ipa próximo à praia, quando avistei alguém conhecido na direção contrária. <br />- Allan! – eu gritei<br /> Ele acenou pra mim e veio ao meu encontro.<br />- Oi, que bom te ver. – Allan veio sorridente <br />- Pois é, depois de tanto tempo. <br />- É, 5 anos.<br />- Cara, eu me formei. Trabalho lá na academia, sou personal trainer. E você, como tá?<br />- Tô numa ótima! Montei uma academia de surf. Preparo um pessoal lá em Floripa durante um ano pra competir. Um grupo de garotos e garotas, entre 17 e 18 anos, logo depois de acabar o 2º grau, competem e um garoto e uma garota são selecionados pra competições em circuito internacional, no Chile, Marrocos Indonésia, Austrália, Havaí, conforme for a oportunidade. Eu fico com pena de ter que escolher tão poucos, todos são muito bons, mas não tem lugar pra mais, fica muito caro.<br />- Ah, mas que legal, Allan! Você sempre gostou de surf, mas eu não pensava que ia levar tão a sério. <br />- Surf é uma arte, mas também é disciplina. Lá onde o pessoal fica, eles aprendem além das técnicas, o mais importante: a união, o espírito de grupo, as tarefas de casa, arrumar quarto, roupa, fazer comida. Enfim, a disciplina e o bem estar do grupo dependem do compromisso de cada um. <br />- Pôxa, é difícil ver uma coisa dessas aqui no Brasil.<br />- Pois é. É um modelo americano. Mas tem dado certo. Eu não sabia usar o dinheiro, mas agora eu sei.<br />- Mas é só isso ou tem mais coisa? Você casou?<br />- Não, tô esperando em Deus.<br />- Como?!<br />- Eu agora sou crente. Na academia ensino também a todos a palavra de Deus. <br />- É?!<br />- É.<br />- Uma amiga minha, a Brenda, você lembra?<br />- Ah, acho que sim, tava no seu aniversário de 18 anos.<br />- Ela também é crente há 4 anos. Tá noiva, vai casar.<br />- Glória a Deus!<br />- Ai, Allan, quem diria, eu te encontrar aqui agora. Pensei que você ia ficar com a Adriana.<br />- Não durou muito. Outras apareceram, mas tudo ilusão. Eu não casei, mas tenho uma filha.<br />- É?<br />- Ela tá com 3 anos. Foi um lance rápido, mas pelo menos valeu pela minha menina.<br />- Qual é o nome dela?<br />- Natália. <br />- Belo nome.<br />- É a minha bonequinha, Natalinha.<br />- Pôxa, Allan, foi bom mesmo te ver.<br />- Ah, antes que eu esqueça você tem também outra amiga...<br />- Carla.<br />- É. Como vai ela?<br /> Quando ele perguntou isso, eu quase chorei. <br />- Allan, ela tá até bem, se formou, outro dia foi a formatura dela, mas...<br />- Mas?<br />- Ela não tá feliz. Eu fico sempre pensando no que fazer, até levei pra jantar fora no dia da formatura.<br />- Ela teve algum problema sério?<br />- Vários, mas é melhor não falar, não quero trair a confiança dela. Entre outros problemas houve o falecimento do pai dela.<br />- Lamento. <br />- Allan, eu tenho que ir, mas se você acredita mesmo neste Deus que a Brenda também acredita pede a Ele pela minha amiga. Brenda e Carla são muito importantes pra mim. A Brenda tá até muito bem, mas sei que como eu, não pode se sentir totalmente feliz se a Carla também não estiver feliz.<br />- Você tem esta grande qualidade que eu aprecio muito Alessandra. A amizade. Uma coisa difícil de encontrar hoje em dia. <br />- Allan, só mais uma coisa: você sabe do Beto?<br />- Claro que sei, ele é da minha igreja.<br />- É?!<br />- Ele se libertou do álcool, das drogas e faz parte de um ministério pra libertação de qualquer vício, ou dependência emocional lá na igreja.<br />- Pôxa...cês devem fazer um trabalho bonito lá.<br />- Você pode dar a honra da sua visita. Tá aqui um folheto. Neste período eu tô aqui. Nesta fase do ano ainda dá pra ficar um pouco aqui e lá. Depois volto pras eliminatórias e pra selecionar os alunos do próximo ano. <br />- Pôxa, boa sorte, querido. Foi mesmo muito bom te ver.<br />- Digo o mesmo. E lembre-se: Jesus te ama.<br />- Amém! Té mais!<br /> Fiquei surpresa com a mudança do Allan. Que sorriso sincero, que expressão de felicidade, de amor. Foi tão gentil e senti que ficou sensibilizado quando falei da Carla. Até pensei nela, quando ele falou que o Beto havia se recuperado e que o trabalho deles na igreja não se restringia a viciados. Sei que a Carla procurava outro tipo de ajuda nuns grupos anônimos lá mesmo pela zona Oeste, mas depois entendi que a doença de minha amiga era na alma.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-64420995763872436922009-11-23T05:01:00.000-08:002011-03-08T14:45:50.610-08:00CAPÍTULO XXIXSEMPRE INTERCEDENDO – BRENDA<br />
Entrei em casa arrasada. Carla, minha querida amiguinha, sofrendo tanto. Sentia-me impotente, mesmo perseverando em oração por ela. Chorei horas, orei e pedi muito a Deus pela vida dela. Minha mãe bateu na porta do quarto:<br />
- Brenda, filha, vem jantar.<br />
- Não tô com fome, mãe, obrigada.<br />
- Você tava chorando, né?<br />
- Ainda tô. <br />
- Minha filha, que coisa triste. - minha mãe me abraçou.<br />
- Eu queria ter conseguido falar mais com ela, ter aconselhado, ajudado a evitar todo este sofrimento.<br />
- Você é uma amiga fiel, minha filha, não se cobra tanto. Ela tava com a vida dela lá. Antes os pais a prendiam muito e lá ela se soltou demais, não teve cabeça, acabou ficando perdida.<br />
- Mãe, amanhã eu vou lá outra vez, quero ver o Valdemar no CTI.<br />
- Que tragédia! Ao mesmo tempo o pai e a filha. A Carla tá um pouco melhor?<br />
- Ela vai receber transfusão de sangue, ainda tá fraca, vai se recuperar fisicamente, mas emocionalmente tá péssima. <br />
- Eu imagino.<br />
Fui ao hospital no dia seguinte e entrei no CTI. Cheguei bem perto do Valdemar que ainda tava em coma <br />
- Valdemar, se você tá me ouvindo, pisque o olho esquerdo.<br />
Ele piscou.<br />
- Valdemar, querido, Jesus te ama e quer que você perdoe sua filha e se entregue a Ele. Você quer aceitar Jesus e mesmo em pensamento repetir uma oração? Se sim, pisca outra vez o mesmo olho.<br />
Ele piscou outra vez. Orei com toda fé como se fosse ele falando:<br />
- SENHOR DEUS, creio que tu és o criador dos céus e da terra e que deste Teu amado Filho Jesus para que toda a humanidade fosse salva. Eu entrego minha vida a ti. Perdoa os meus pecados e escreve o meu nome no livro da vida. eu te agradeço em nome de Jesus. Amém. <br />
Fui pra casa e depois pra faculdade. Quando voltei, minha mãe disse: <br />
- Valdemar faleceu. Seu pai foi ao velório.<br />
- E a Carla?<br />
- Ela ainda tem que ficar mais um pouco no hospital, tá muito fraca. O médico que a está assistindo disse que ela tá com uma depressão muito acentuada. Não quer comer, tá passando só a soro. Não fala, nem chorou com a notícia da morte do pai. Tá completamente apática. Estão dopando a menina direto, pois temem que ela possa até se suicidar.<br />
- Coitadinha...eu vou fazer tudo o que eu puder por ela. Jacyra disse que ela matou o pai quando ele enfartou.<br />
- Que horror! Uma mãe dizer isso a uma filha! <br />
- Mãe, eu vou ao velório.<br />
- Vamos de manhã ao enterro, filha, agora tá tarde.<br />
- Tá. <br />
- Alessandra já tá lá.<br />
Fomos de manhã e falei com Alessandra:<br />
- Como vai ser agora, hein?<br />
- Ai Brenda, nem me pergunte. Ele deixou as duas bem financeiramente, mas acho que Jacyra e Carla não vão mais se entender. <br />
- Tá tenso o clima, né?<br />
- Eu fui ver a Carla. Ela não fala. Jacyra só diz que ela matou o pai. O pessoal conhecido, parentes, aqui mesmo no velório fez comentários que só falta quando verem a Carla atirarem pedras nela.<br />
- Meu Deus, quanto julgamento! Então souberam do caso dela com o Marcos?<br />
- Eu acho que sim. Pelos comentários que ouvi. Sempre tem um dedo duro nessas histórias. <br />
Quando voltei pra casa, li aquela passagem da mulher adúltera, na qual Jesus diz aos fariseus: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. (João 8 : 7-b). Pensei muito na Carla, marcada pela incompreensão das pessoas que muitas vezes são falsas moralistas, julgando os outros como se fossem santas. Mesmo tendo errado, a mulher adúltera recebeu na hora o perdão de Jesus que disse: “vai-te, e não peques mais.” (João 8 : 11-b). Contei à dona Maria, que teve muita compaixão. <br />
- Pobre dessa menina. Ela precisa muito de Jesus.<br />
- O clima tá tão pesado na família.<br />
- Minha filha, ora, ora sempre. Jesus vai se manifestar na vida dela no momento certo. Na passagem da mulher adúltera Ele tava lá em socorro dela e dando o alívio do perdão e a encorajando a seguir em frente sem repetir o erro. Sua amiga ainda vai sentir isso. Pode parecer que vá demorar e eu sei que você deseja que ela esteja com Jesus agora e se liberte, sei que você sofre por isso. Mas vamos orar, Deus vai responder e vai chegar o momento que ela vai ouvir. <br />
E assim, sempre intercedendo, tive além da dona Maria outras pessoas que me acompanhavam em oração, auxiliando-me a suportar aquela dor. Uma pessoa muito especial que eu ainda conhecia pouco tocou meu ombro quando eu tava recolhida em oração ajoelhada, chorando no banco da igreja. <br />
- Oi. – ele falou mansamente<br />
- Oi... Eu virei pro lado e respondi baixinho, com a voz embargada pelas lágrimas<br />
- Desculpe, eu não queria interromper, mas é que eu tenho visto você sempre orando, você faz parte da interseção, né?<br />
- É. Eu também tenho visto você no grupo de jovens, no teatro cristão.<br />
- É. Eu tô me formando ator pelo curso aqui da igreja. Meu nome é Márcio. Você pode falar por que tá tão triste ou é algo muito particular?<br />
- Eu até devo, assim você me ajuda em oração. Uma amiguinha minha tá sofrendo muito... – comecei a chorar mais e ele ficou emocionado também. Relatei sem contar todos os detalhes o que houve com Carla, a perda do pai, a depressão. <br />
- Pôxa...é duro sim, já sofri assim por amigos meus. Uma vez eu e outros amigos encontramos um que não víamos há algum tempo na rua. Nós nem tínhamos programado isso, mas olha como Deus faz as coisas: do nosso grupo de amigos era o único que ainda não tava na igreja. A gente tava evangelizando na rua, lembro que era no finzinho de 85, num sábado. Ele tava de porre, chorando muito. Primeiro conversamos com ele. Todos nós o abraçamos. Eu até me emociono de lembrar o que ele falava: <br />
- Eu não tenho mais razão pra nada na vida, eu quero morrer! <br />
- Eu falei pra ele: Que é isso cara, a gente tá junto não vamos te deixar nunca. Você tem chance, tem quem te ame e que tá vendo você agora aqui: Jesus. Levamos o cara pra casa de um desses amigos que tavam com a gente. Cuidamos dele ele tomou um banho, um café forte, ele ficou sóbrio e depois de conversarmos com mais calma, fizemos o apelo que ele aceitasse Jesus e ele declarou que Jesus era o seu único salvador. Hoje ele tá no ministério de cura aqui da igreja.<br />
- Que bom. Quero ver minha amiguinha assim. Eu amo demais a Carla...tô sofrendo tanto... – eu chorava muito <br />
- Não fica assim. Você crê que ela vai ser liberta? Que Deus vai operar na vida dela?<br />
- Creio.<br />
- Vamos orar juntos.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-4511298515675031872009-11-21T11:52:00.000-08:002011-04-29T16:45:53.635-07:00CAPÍTULO XXVIIIOLHO NO OLHO – CARLA<br />
No fim do mês minha regra não veio. Num intervalo no trabalho comprei o teste de gravidez numa farmácia e deu positivo. Liguei pra Alessandra e falei que as suspeitas estavam confirmadas. Pedi que ela assim que pudesse se comunicasse com a Brenda. Duas semanas depois atendi ao telefone na academia. <br />
- Alô?<br />
- Carla.<br />
- Oi, Marcos.<br />
- Meu amor, me perdoa o sumiço, mas não posso contar por telefone o que aconteceu. Posso te pegar na faculdade hoje?<br />
- Pode.<br />
- Tá, eu tenho muita coisa pra dizer pra você. Tem que ser olho no olho.<br />
- Concordo, Marcos, olho no olho.<br />
- Eu te pego lá e vamos pra aquele bar no Centro, tá?<br />
- Tá.<br />
Liguei pra Alessandra e pedi um apoio a ela. No telefone, ela perguntou: <br />
- Vai contar pra ele?<br />
- Eu nem sei o que vou ouvir. Tudo vai depender do que ele disser.<br />
Esperei o Marcos. Alessandra chegou antes. Quando o Marcos chegou, ela estacionou seu carro e nos esperou por perto. Depois ela me deixaria em casa. <br />
Chegamos ao bar e Marcos estava sério. Em poucos segundos lembrei de vários momentos intensos ao lado dele que eu sentia como um tempo de ilusão terminando na minha vida. <br />
- Pode falar, Marcos.<br />
Ele ficou de cabeça baixa e depois tentou falar dominando a emoção:<br />
- Minha menina...nunca pensei que precisaria dizer isso, mas...<br />
- Você veio se despedir de mim, tô certa?<br />
- É...<br />
- Você quer me contar por quê? Se não quiser, eu vou entender. <br />
Marcos chorava e eu não imaginava por que, mas ele conseguiu dar uma pausa e falou: <br />
- Minha mulher tá com uma doença grave e foi descoberta já um pouco avançada.<br />
Eu fiquei perplexa. Toquei a mão dele.<br />
- Marcos...eu...nem sei o que dizer. Olha, de coração, eu nunca quis o mal dela. Ela me tratava tão bem que eu depois que me envolvi com você não teria nem cara pra olhar pra ela. Mas você tá certo. A mim, não deve nada, só a ela. É seu dever cuidar dela. Da minha parte não há mágoas, tá tudo bem, querido. Foi bom enquanto durou, mas nós pecamos.<br />
- Que é isso, Carla?<br />
- É verdade Marcos. Nós pecamos e o castigo veio à cavalo. Enquanto nos curtíamos numa boa, ela já devia estar doente sem o apoio que precisava. Fomos muito egoístas. <br />
- Eu vou ter que vender minha casa e meus parentes e os dela vão ajudar pra ela fazer tratamento. Não tem cura, mas tem chances de viver mais de um ano.<br />
- Marcos, vai em paz. Não sofre por nós. Sua atenção agora tem que ser pra ela. Eu sou muito nova, tenho uma vida pela frente. Eu supero isso. Você tem mulher e filhos, eles são sua obrigação. <br />
- Eu prejudiquei você.<br />
- Não, não pensa assim. Vou lembrar sempre com carinho de você. Sabe Marcos, eu tenho 18 anos, mas parece que com isso tudo eu ganhei mais 10. Você é um homem maduro, que parece até mais jovem de aparência e no jeito de ser também. Muitas vezes me diverti com seu jeito malandrinho, brincalhão. Vou sentir saudade. Eu lembrei agora de quando fiz 15 anos. Eu nem sabia que você existia, mas naquele tempo você tinha exatamente o dobro da minha idade. Eu era uma menina, hoje sou uma mulher. Minha festa de 15 anos foi inesquecível, como eu era feliz e não sabia! Até sabia, mas não o quanto era feliz. Comparando hoje, eu sei que por você ser muito mais velho do que eu, muitas vezes não teve paciência comigo quando eu ficava irritada, com ciúmes, sei que parecia uma menina mimada. A gente fez muitas loucuras. Agimos como seres irracionais, sem pensar, deixando as emoções explodirem. Mas eu aprendi. Com certeza o que errei lá atrás, vai servir pra que eu não faça igual mais pra frente.<br />
- Eu queria fazer uma despedida diferente.<br />
- Eu também, você sabe, mas é melhor não. É melhor ficarmos por aqui, sem nos tocarmos, pra eu não querer te prender nos braços e não te deixar ir, porque não tenho nenhum direito sobre você. Eu fui a outra. Por mais que você tenha tido a ilusão de que fui sua porque tirou a minha pureza, eu nunca fui, porque você também nunca foi meu. Não somos um do outro, mas você é da sua mulher e deve viver pra ela. O que posso dizer é que nunca vou te esquecer e quero que seja muito feliz. Adeus, Marcos.<br />
Levantei me preparando pra sair <br />
- Carla. – Marcos chamou<br />
- Querido, deixa como tá. Não tô com mágoa, só tô triste, é natural. <br />
- Me perdoa.<br />
- Não tem do que, Marcos. Eu que peço perdão por ter sido tão fraca e ter deixado acontecer. Você poderia ter dado mais atenção à sua esposa, teria descoberto antes a doença dela. Fui eu que prejudiquei sua vida, não você à minha. Deixa eu ir embora, por favor, pra não ser mais difícil. Vou encontrar a Alessandra. Adeus, querido. <br />
Eu fui sem olhar pra trás, correndo tentando segurar o choro. Fui até Alessandra e desatei a chorar nos braços dela. <br />
- Você contou?<br />
Mexi com a cabeça que não.<br />
- Ele se despediu. A mulher dele tá muito doente, o que eu podia fazer? Aceitar...não podia falar da gravidez numa situação dessas. Ele tava arrasado. <br />
- Eu sei que você ainda vai sofrer muito, mas um dia vai esquecer tudo.<br />
- Eu não consigo esquecer dele.<br />
- Eu sei...chora Carla.<br />
- Lessandra...<br />
- Quê? <br />
- Eu acabei de falar com o Marcos que a gente já agiu muito sem pensar, como irracionais. Isso me fez lembrar. Foi assim que eu engravidei. Nós dois távamos de porre. Eu tava numa fase péssima, com TPM, cheia de ciúmes do Marcos, achei que uma garota tava dando em cima dele, num show que ele tava produzindo, ele me levou prum quarto onde nós ficávamos e a briga esquentou mais e aconteceu tudo sem o menor controle. Eu, com ciúme daquele que nunca foi realmente meu. Eu me esquecia de tudo e devo ter esquecido de tomar pílula, por que agora eu lembro que com certeza ele se descuidou naquele momento. Foi por acidente, mas não importa, mesmo assim e ainda mais agora eu quero este filho. <br />
Nos dias que se passaram em casa o meu estado ficou cada vez mais evidente. Enjôos logo que eu acabava de comer, tonteiras e a falta dos absorventes. Numa noite eu tava em casa, não fui à faculdade, pois a tensão que eu passava intensificava os sintomas. Eu não sabia como falar, mas também sabia que um dia iriam me perguntar e foi o que minha mãe fez naquela noite, aproximando-se de mim e segurando forte o meu braço:<br />
- Carla, diga a verdade, você tá grávida.<br />
Fiquei aterrorizada. Ela me olhou com um olhar de ódio, condenação, como nunca havia olhado antes.<br />
- Eu... – perdi a voz, cheguei a ficar rouca de nervoso.<br />
- Diga a verdade, menina, por isso que você vinha chegando tão tarde da faculdade e nos fins de semana nem dormia em casa! – ela me segurou mais forte<br />
Meu pai apareceu na sala e perguntou:<br />
- Que tá havendo aqui?<br />
- Você não vai falar? – minha mãe me pressionou<br />
- Eu...eu tô grávida!<br />
- O QUE?! – meu pai gritou – Quem foi o cafajeste?!<br />
- Calma, Valdemar! – minha mãe recomendou<br />
- Calma uma conversa! Essa menina é uma decepção! Eu confiei, permiti que ela aparecesse em propaganda, achei que era pra ganhar dinheiro decentemente! Ela se suja e ainda suja o nome da nossa família desse jeito?! Se comportando como uma vagabunda qualquer! Eu consegui tudo o que consegui com luta! Eu tenho honra! Na minha família nunca aconteceu isso! Dei estudo pra essa menina pra que?! Pra que ela arranjasse barriga do primeiro que aparecesse?! Você é uma vergonha! Você...<br />
Meu pai ficou no auge da cólera, senti pelo jeito dele que ia até me bater, mas arregalou os olhos e caiu no chão. Eu fiquei paralisada. Minha mãe gritou: <br />
- Você matou seu pai!<br />
Assim que ela disse isso, só lembro de sentir uma dor imensa no meu ventre e o sangue descer. Dei um grito de dor e quando abri os olhos vi Brenda à minha esquerda e Alessandra à minha direita. Eu estava na cama do hospital e minhas amadas de plantão, esperando que eu voltasse a mim.<br />
- Brenda...Alessandra ...eu... <br />
- Calma, Carla, nós tamos aqui com você, sempre vamos estar. – Alessandra disse e acariciou minha cabeça. <br />
- Eu...perdi...né? – chorei perguntando à Brenda <br />
Brenda chorou e fez com a cabeça que sim. <br />
- Não é justo! A única lembrança que eu ia ter dele! – chorei desesperada<br />
- Calma, meu amor. – Alessandra me confortou, segurando as lágrimas, me abraçando. <br />
Eu queria gritar, sair correndo, queria me jogar da janela, ou debaixo de um trem. Minha revolta era tanta que eu queria ter um acesso, bater em alguém, mas não tinha forças. Chorei descontroladamente e Brenda me abraçou forte, também, chorando muito comigo. Depois, lembrei e perguntei: <br />
- E o meu pai?<br />
- Tá no CTI – Brenda respondeu.<br />
- Ele tá em coma ainda – Alessandra disse<br />
- Você tem que se poupar. Seu estado ainda requer cuidados. – Brenda argumentou, também segurando o choro, como Alessandra <br />
- Eu quero morrer!! <br />
Brenda ficou orando baixo segurando minha mão esquerda enquanto Alessandra segurava a direita e senti um consolo, mas continuei em profunda depressão. Foi como se eu tivesse morrido. Meu pai continuou no CTI em coma.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-2101825363918439292.post-45786497863684201872009-11-19T04:44:00.001-08:002011-12-31T16:26:44.769-08:00CAPÍTULO XXVIIREVIVENDO O PASSADO – ALESSANDRA<br />
Domingo levei Carla à praia. Consegui vê-la sorrir um pouco e isso foi bom. Não demoramos muito, o sol tava muito forte, ela ficou tonta. Tive medo que passasse mal. Eu não tinha experiência com gravidez, mas pelo que eu conhecia, ela estava com fortes sintomas de uma. Ao chegar em casa, tivemos uma grata surpresa: Brenda tava lá, esperando a gente. Carla abraçou-se com ela e eu também, mas Carla demorou mais no abraço, chorou, tava muito sensível. Pediu perdão à Brenda, pois tava muito envergonhada de ter falado com ela daquele jeito ao telefone. Ela sorriu pra ela e disse que não pensasse mais naquilo. Carla falou de seus sintomas de gravidez pra Brenda que a apoiou quando disse que ia ter o neném. Eu continuava preocupada com a reação dos pais dela, pois ela não poderia esconder muito mais tempo deles. Mesmo antes que a barriga crescesse, os enjôos, a falta dos absorventes já seriam sinais. Estávamos nós, lá juntas, revivendo o passado, como nos bons tempos. Conversamos sobre nós, como estávamos desde que nos separamos depois de tantos anos tendo compartilhado tantas coisas juntas. Foi um festival de risos e lágrimas. Lembramos nossos antigos aniversários, vimos fotos da gente pequenininha, fotos que eu tenho delas até hoje com dedicatórias. Eu tava sozinha naquele período, mas feliz por estar com a Brenda e a Carla. Precisava resgatar toda a essência daquela amizade que não poderia se perder por causa da distância. Nossas vidas eram unidas demais pra gente viver tanto tempo separadas. Antes que escurecesse eu levei as duas pra casa. No caminho a gente foi conversando, apreciando cada lugar por onde passava. Brenda ficou preocupada que eu gastasse muita gasolina.<br />
- Pra ficar mais tempo com vocês, eu paro no posto e encho mais o tanque! – respondi sem pensar.<br />
Eu tava amando estar com elas. Parecia uma eternidade aquele tempo que a gente ficava sem se ver. Brenda falou da igreja, pareceu estar gostando mesmo e eu senti que a vida dela já tinha muito a ver com toda aquela visão de igreja evangélica. O lance de esperar o casamento pra se entregar ao homem. Ela disse que não tava nem com pressa de ter ninguém. <br />
- Não teve nenhum flerte na igreja? – perguntei, mas sem malícia.<br />
- Não – ela respondeu – Os rapazes lá são muito diferentes. Lá tem grupo de jovens, tô começando a participar.<br />
- Você vai conhecer alguém que goste de você. – Carla falou como quem desejasse à Brenda mais sorte do que ela teve.<br />
- Você também ainda vai saber o que é isso, Carla. – Brenda falou sorrindo pra ela, com sincero desejo<br />
Não tocamos mais no assunto da provável gravidez de Carla até que Brenda ficasse em casa. <br />
Aquele dia foi o “show”, mesmo com a tensão da Carla. Brenda parecia irradiar alegria, a gente sentia uma paz vinda dela, uma coisa tão doce, tão natural. Ela tava diferente, mas pra melhor. Não digo que a Carla estivesse diferente pra pior, mas tava muito sofrida. Eu e Brenda continuávamos preocupadas, pensando em como ajudar. Eu até me perguntei: “Será que os pais da Carla botam ela pra fora de casa se ela estiver grávida?” Mas procurei não pensar no pior e dar apoio pra ela, pois era o que ela precisava. <br />
Já tava escuro quando deixei Brenda em casa e ela despediu-se de mim e depois de Carla olhando com o maior amor pra ela, bem nos olhos e dizendo: <br />
- Conta comigo sempre. Meu coração tá no seu. <br />
Carla chorou abraçada a ela e nem conseguiu dizer nada. Brenda olhou pra ela sorrindo, deu um beijo no rosto dela e acariciou seus cabelos como se fosse uma criança. Carla tava muito tocada com o carinho de Brenda. Nós ainda conversamos mais um pouco.<br />
- Cê não quer parar em algum lugar pra comer, Carla?<br />
- Nem posso ouvir falar em comida.<br />
- Não precisa de alguma coisa pra confortar o estômago?<br />
- Eu ainda tenho que descobrir se estou confortando alguém aqui dentro.<br />
- Você parece preocupada, mas por outro lado quer o filho.<br />
- Claro que quero. É um pedacinho do Marcos em mim. Eu errei, mas pelo menos fica uma compensação.<br />
- Ele não tem dado notícias, né?<br />
- Eu perguntei pro seu Arnaldo. Ele disse que ele tá com uns problemas. Não sei se são com a mulher dele ou com os filhos.<br />
- Vocês estiveram mais tempo juntos, ele antes já não parava em casa. Ela pode estar desconfiada. Pode até não cogitar que seja você, mas que ele tem outra.<br />
- Não tenho mais visto ela por perto da academia. Nem teria cara pra olhar pra ela. Sempre falou tão bem comigo. Por que as coisas acontecem assim?<br />
- Calma, Carla, não começa a se torturar.<br />
- Mas Lessandra, eu tô pagando pelo meu erro. Se estiver mesmo grávida, quero ter o filho, mas eu errei. Ele nunca disse que largaria a mulher. Eu tinha que ter fugido, sumido. Eu fui culpada. Ele soube como me seduzir, me atrair e eu fui fraca. Marcos foi esperto e agora eu sei que tô correndo o risco de ficar sem ele. <br />
- Você pensa em contar pra ele se descobrir que tá grávida?<br />
- Eu não sei...ele pode até querer que eu tire, tanto homem age assim quando descobre que a amante tá grávida.<br />
- Será que ele é tão frio assim?<br />
- Lessandra, o seu Arnaldo tem um filho com outra mulher e esse filho é menor que os dele com a esposa. Neste caso foi diferente, mas não são todos assim. O que eu posso esperar é que o Marcos seja como a maioria dos homens. Ele tem suas diferenças, mas tem características comuns a todos os outros. Ele tinha uns olhares de cumplicidade com seu Arnaldo. Neste ponto ele é como todos. Por um lado tô achando melhor este sumiço, embora eu esteja sofrendo, tô tendo tempo pra pensar. <br />
- Então nem sabe o que vai falar com ele?<br />
- Ainda não, vai depender do que eu souber quando ele resolver aparecer. Mas ele deve estar mesmo com algum problema sério, se não, não sumiria tanto tempo.<br />
- Como você em poucos meses se envolveu tanto com aquele homem.<br />
- É. Passamos momentos bons, mas isso foi só ilusão. Talvez eu alimentasse a esperança de ficar com ele, mas não tenho nenhum direito. Bem feito pra mim.<br />
- Não precisa se auto-flagelar também!<br />
- Lessandra, a Brenda tá certa. Ela é a certinha, mas tá feliz.<br />
- Você tem razão. A gente alimenta muita ilusão mesmo. Tô sozinha um tempo por causa disso. Brenda parece mesmo feliz.<br />
- Os sentimentos da gente são intensos demais. A gente não pensou. Nem eu pra me deixar dominar pelo Marcos e você pela sua carência e seu medo dos relacionamentos. Não soubemos esperar.<br />
- Eu tô tentando ser diferente.<br />
- Eu não tô conseguindo ser. Tô assim, tão amargurada com tudo isso...<br />
Carla começou a chorar. Estávamos algumas quadras antes da casa dela. Parei o carro e a abracei. <br />
- Ah, minha linda, não fica assim. A gente até que teve um dia bom com a Brenda, ela foi tão carinhosa contigo. Você tem a gente, meu amor. Não sofre assim. Carla os erros da gente servem de experiência pra gente não repetir mais tarde.<br />
- Mas eu fui muito longe.<br />
- Carlinha, a gente tá perto da sua casa, você precisa se acalmar. Chora o que tiver que chorar, eu deixo você lá, fico um pouco e você procura não remoer mais isso tudo na cabecinha. <br />
- Eu vou tentar.<br />
Deixei Carla em casa e ainda fiquei um pouco. Procurei conversar também com ela pra que tirasse um pouco os problemas da cabeça. Até aquele dia, seus pais ainda não haviam percebido nada. Mas a Jacyra chegou a comentar que achava muito calada e que estranhava muito ela não se enturmar mais, não namorar, não se chegar aos rapazes da idade dela. Disse que achou um exagero aquela maratona de eventos que ela participou naqueles primeiros meses do ano, período aliás que deve ter resultado naquela provável gravidez. Pediu-me que a aconselhasse. Disse que estivemos com a Brenda e ela perguntou dela e eu disse as novidades. <br />
- Aquela sim tem juízo! – Jacyra elogiou Brenda. – Minha filha quer fazer tudo ao mesmo tempo, não sossega! <br />
Despedi-me de Carla dizendo: <br />
- Te cuida, hein? E dá notícias.<br />
Achei Carla menos tensa depois de me despedir, mas minhas preocupações continuavam. Eu torcia que ela não estivesse grávida, que fosse um rebate falso.Vinícius Cannonehttp://www.blogger.com/profile/05720394619653166123noreply@blogger.com10