sábado, 24 de outubro de 2009

CAPÍTULO IV

REUNIÃO – BRENDA
Nunca terei palavras para descrever o que significou para mim aquele dia. Que minha vida passaria por um novo ciclo eu sabia, mas não poderia imaginar que seria daquele jeito. Interfonei para Alessandra e Carla e nos encontramos no play. Estávamos angustiadas. Uma lia no rosto da outra o sofrimento. Falamos numa só voz:
- ‘Cê não imagina o que aconteceu!!
- Ai!! – falamos as três juntas novamente.
- Calma gente! – interrompi procurando colocar ordem. ‘Lessandra, fala você primeiro. Tô vendo que de nós você foi a que mais chorou.
- Duvido que ela esteja com algum problema maior do que o meu! – Carla protestou.
- Para, Carla, ela já tá quase chorando outra vez! – exigi.
Alessandra estava mesmo a mais angustiada. Apesar de ter demonstrado antes um sentimento de inveja por sua condição financeira, me arrependi muito. Senti que deveria dar apoio à minha amiga e esperava que Carla também o fizesse. Cheguei carinhosamente perto de Alessandra abraçando-a e ela chorando se jogou nos meus braços. Carla chegou perto de nós, se solidarizando.
- Gente... – Alessandra tentou falar. Os soluços embargavam sua voz. Ela chorou um pouco mais e depois de respirar fundo, finalmente disse:
- Meus pais vão se separar... – e recomeçou o choro
Uma angústia maior tomou conta de mim. Eu tinha que contar que haveria mais uma separação. Ao mesmo tempo, pensava: “Qual é a bomba da Carla?” Ela disse que Alessandra não estava com um problema maior do que o seu. Porém, vi Carla tão solidária que logo percebi que não era algo tão grave.
- Chora Lessandra... – consolei.
Depois daquele primeiro impacto e de mais alguns momentos de solidariedade, conseguimos dar prosseguimento à nossa reunião e eu contei meu problema e em seguida Carla contou o seu. Novo vale de lágrimas. Passávamos por uma avalanche e cada uma sentia-se na obrigação de carregar o peso da outra, se bem que Alessandra estava com o problema pior. Senti-me mais madura diante da situação dela e meu problema não parecia tão grande comparado a quem via sua família terminar. Meus pais sempre foram unidos, minha mãe sempre apoiou meu pai. O mais doloroso é que eu, Alessandra e Carla, éramos uma família se desintegrando. Três meninas de 17 anos, filhas únicas, criadas como irmãs vivendo uma separação. Para Alessandra era uma tripla separação. Pensava contar com nossa presença nos próximos anos de sua vida e, no entanto, em um mês estávamos nos separando. Naquela tarde depois de dividir nossas tristezas, unimo-nos num abraço a três, apertado e longo.
- Nós vamos nos separar fisicamente, mas nossas vidas estão eternamente entrelaçadas. – eu disse. Unimos nossas mãos e cada uma beijou a da outra.

14 comentários:

  1. Há tanta verdade nessa história, impossível não se emocionar.

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  2. Obrigado pela observação. Chorei muito escrevendo, mas o drama está apenas começando.

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  3. Vinicius, ter recebido o seu convite para participar da Comunidade e acessar o blog, foi um presente de Deus em minha vida. Hoje, li os 4 primeiros capítulos para minha neta (Leticia - 11 anos). Eu e ela, estamos anciosas pelos próximos. Conforme eu vou lendo para ela, estou destacando as sutilezas da personalidade das três personagens. VIDAS SEPARADAS, VAI IMPACTAR A VIDA DAS ADOLESCENTES! Parabéns, Vinicius! Fique com a "PAZ DO SENHOR"!

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  4. Obrigado, irmã. Vejo que tem sensibilidade para a leitura. Estou desbravando o mar vermelho pra que a literatura e dramaturgia cristãs cresçam tanto quanto cresceu a música! A paz do Senhor!!

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  5. Muito lindo... ^^
    adore "Nós vamos nos separar fisicamente, mas nossas vidas estão eternamente entrelaçadas"
    Me lembrei da minha amiga que se mudou pra Bahia... (to chorando)
    Ficou lindo! ^^

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  6. Apesar de chorar quando leio outros textos meus, este foi o que mais me emocionou enquanto escrevi e sabia o quanto tocaria corações. É um grande feed-back a apreciação de cada leitor. Obrigado, a paz do Senhor.

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  7. Muito linda essa amizade...dificil não se emocionar
    Me lembro das amizades que eu tive...as melhores e mais marcantes não estão mais totalmente presentes na minha vida, só na memória
    Parabéns pela história!

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  8. Feliz de quem conserva amizades desde que nasce como é o caso das personagens da história.

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  9. Own muito fofis *o*
    - Nós vamos nos separar fisicamente, mas nossas vidas estão eternamente entrelaçadas. – eu disse. Unimos nossas mãos e cada uma beijou a da outra.

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  10. Brenda, carla e Alessandra, já passei uma situação parecida com a separação de 3 amigas inseparáveis, Leila, Eliane e Dalva Lúcia. Leila a filha de pais pobres, Eliane a filha de pais de classe média e Dalva Lúcia a filha de pais ricos que se separaram. Interessante a coincidência, só não éramos as garotas de Ipanema, mas sim as de Jacarepaguá.
    13 de janeiro de 2010 00:20

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  11. Existem muitas garotas parecidas em muitas partes do mundo.

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  12. separação sempre é dolorosa... mas como vc diz reencontros são melhores!

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