quarta-feira, 11 de novembro de 2009

CAPÍTULO XXIV

DA CALMARIA DE BÚZIOS À AGITAÇÃO DE IPA – ALESSANDRA
Depois daquele episódio com Beto, segui a sugestão de minha mãe e no fim de semana seguinte fui pra Búzios. Meu pai tava lá me esperando. Abraçamo-nos muito, beijei muito o rosto do meu amado pai, pois sentia muita falta dele. Contei sobre o Beto, ele também lamentou e também achou que foi melhor do que descobrir mais tarde, quando estivesse mais envolvida.
Eu disse que estive com ele e que não guardei mágoas, que queria que ele se recuperasse. Tinha pouco tempo pra aproveitar aquele sol de Búzios, teria que voltar no domingo pra 2ª feira pegar no batente. Enquanto meu pai descansava fui à praia pertinho da casa curtir o mar, apreciar a paisagem. De repente, fui surpreendida por um flash e me virei
- Oi. – falei instintivamente
- Oi, desculpe se te assustei, mas te achei tão linda que dei um click. – um rapaz louro alto aparentando ser um pouquinho mais velho que eu se apresentou assim a mim.
- ‘Brigada...
- Meu nome é Renato. Cê mora por aqui?
- Não. Quem tem casa aqui é meu tio, irmão do meu pai, mas ele quase não vem e empresta a casa pra ele. Tô lá com meu pai. A casa é aquela branca logo ali em frente.
- Ah, tá. Eu também tô de passagem. Tô tirando umas fotos daqui. Você não se incomodou por eu tirar a sua, né?
- Não, tudo bem. Aliás, minha mãe também é fotógrafa. Você tão novo já é fotógrafo profissional?
- Tô montando um estúdio. Cê mora no Rio?
- Sim. Moro em Ipa. Já fiz fotos pra propaganda, trabalho numa academia e tô cursando educação física.
- Eu moro no Leblon. Sou mais da arte.
- Engraçado, né? Morando até perto e se conhecendo por aqui, onde eu quase não venho.
- O destino nos reserva surpresas. Boas surpresas.
E aí, conversa vai, conversa vem, descobrimos nossos pontos em comum e eu o convidei a conhecer a casa. Quando entrei tava a maior fumaça vindo do terraço, meu pai tava fazendo churrasco. Apresentei o Renato ao meu pai, ele ficou mais um pouco pro churrasco e depois combinamos de nos encontrarmos no Rio. Ele ainda ia ficar mais uns dias em Búzios.
Voltei bem mais animada pro Rio. Minha mãe reparou logo e perguntou:
- Encontrou algum surfista em Búzios?
- Não, um fotógrafo.
- É?
Ela ficou curiosa e contei tudo.
- Você não perde tempo, hein?
- Ah, mãe, acabei de conhecer.
- Mas pelo jeito conheceu e já se interessou.
- Parece que ele também por mim.
- Claro, né? Mal te viu já deu um click.
- É.
Ainda naquela semana recebi um envelope cujo remetente era o Renato. Abri e vi minha foto. Saiu muito boa. No verso, tava escrito: “Para a musa de Ipa, que também é de Búzios. Parabéns pela sua beleza que transforma qualquer paisagem simples em maravilhosa”
- Ganhou um fã hein? – minha mãe comentou.
Pouco tempo depois estive com o Renato, nos conhecemos mais, saímos, fomos á reuniões de amigos dele e descobrimos cada vez mais coisas em comum, até que em pouquíssimo tempo já estávamos namorando. Mas era engraçado, eu não conseguia ficar muito tempo sozinha, mas também não sentia que já havia encontrado o amor da minha vida. Até quando seria assim?
No mês de fevereiro o tão esperado concurso de RAINHA VERÃO 87. Ganhei, apesar de muitos pensarem que foi coisa arranjada por minha mãe ser fotógrafa e bem relacionada, mas não foi assim. Os critérios eram muito rigorosos. Comecei a perceber ciúme do Renato, mas achava bom, pois no meu entender isso esquentava a relação. Meu ego tava inflado por causa da popularidade que passei a ter depois do concurso. Eu era muito procurada pra fazer matérias pra revistas e sei que despertava a atenção dos homens em todos os lugares que passava. Renato demonstrava uma irritação nas festas que ia comigo e numa delas, um cara de porre chegou perto de mim e foi muito inconveniente.
- RAINHA VERÃO 87.
- Quer deixar minha namorada em paz, cara! – Renato advertiu o cara.
- Calma, amor. – eu tentei apaziguar.
- Calma?! Já tô cheio disso! – Renato empurrou o cara que caiu em cima de outro também já alto e aí foi uma tremenda pancadaria que acabou na delegacia.
Eu fiquei arrasada. Me perguntava: “Quando será que vou ter sorte com um homem?” Eu pensava se não era um erro meu, me envolver muito rápido pra logo me decepcionar. Mas também, como conciliar uma carreira de modelo que começava a crescer com um namoro sério? Lembrava da Carla que estava passando por uma situação bem pior, pois era “a outra”. Eu queria conseguir gostar verdadeiramente de alguém, mas não acontecia e eu não renunciava a nada que quisesse fazer por ninguém. Já a Carla, tava renunciando a uma vida com mais liberdade, poderia estar melhor se não aceitasse as ofertas que lhe deram. Brenda é que tava certa. Mas a gente na época não enxergava isso. Quando eu e Carla nos encontrávamos ou falávamos pelo telefone, ela contava como tava indo seu caso com o Marcos. Quando estava com ele mais perto e era sábado, ficava lá em casa até domingo, pra despistar os pais. Eu contei sobre o fim do namoro com Renato. Ela lamentou que eu ainda não tivesse encontrado o homem ideal, mas achou melhor por ele ser muito ciumento. A gente se sentia mais liberada pra falar sobre homens longe da Brenda, a certinha. Eu era mais experiente e ouvia a Carla, aconselhava, mas não queria estar na pele dela. Seus pais não imaginavam que ela tinha um caso com um homem casado, mas e se soubessem? Eu ficava muito preocupada com ela. Carla teve acesso a informações que seus pais não tiveram, ela via o mundo de outra forma, isso criou uma distância dela entre eles. Apesar de se esforçarem pra que ela tivesse estudo e bolsa integral, eles erraram não acompanhando o ritmo de vida da filha. Ficaram pra trás e pensaram que a orientaram bem.
Brenda ia bem, ainda na loja e em breve ia cursar a faculdade e outro curso. Mas o que começou a nos afastar foi o tempo muito ocupado e a igreja. Ela falava muito da Bíblia e a gente achava aquilo um saco. Ainda não era membro, mas alguns domingos deixou de sair com a gente por que ia à igreja. Apesar disso, sei que nossa relação de amizade ainda era muito forte, mas se naquela época a gente entendesse o que está neste versículo: Então o SENHOR disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao SENHOR, e disse: De rodear a terra, e passear por ela. (Jó 1 : 7) entenderíamos o que este adversário tava tentando fazer com nossa amizade, com nossas vidas. Pelo menos a Brenda pôde entender bem antes que eu e Carla.

11 comentários:

  1. Engraçado a Alessandra achar que a Brenda perde tempo, estando indo a igreja. Lá na frente é que podemos dizer quem ganhou tempo e quem perdeu.

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  2. Pode-se notar pelos rumos que as vidas de cada uma está tomando, quem delas está melhor.

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  3. É verdade.
    Notem os detalhes sobre a criação da Carla.
    Vejam o quanto é importante que os pais estejam
    mais presentes e também antenados com as mudanças que ocorrem ao redor. Não dá para parar no tempo, e achar que criaremos nossos filhos da mesma forma como fomos criados. Principalmente hoje em dia, que as mudanças acontecem no simples clic do mouse na tela do PC. Está tudo evoluindo muito rápido, e, infelizmente, nem tudo para melhor.
    Só Deus para ter misericórdia de nós.
    Graça e Paz!

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  4. Apesar da história ser ambientada em sua maior parte nos últimos anos 80, as coisas estavam mudando e também não era pra melhor, mas daí as mudanças foram acelerando até chegarem ao ponto que estão, mas com uma grande compensação: à mesma medida que as trevas vançam, as luz também e não é nenhum apagão que vai ofuscar a luz eterna do SENHOR!

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  5. Vinicius,
    É verdade!
    Só posso dizer uma coisa:

    MARANATA! Ora vem Senhor Jesus!

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  6. Pois é...já aconteceu algo parecido comigo, e ainda acontece.Vou sempre à igreja, enquanto muitos dos meus amigos deixaram de ir,por acharem perca de tempo.Ainda não perceberam quem é que está perdendo tempo, assim como Carla e Alessandra também não...mas espero em Deus que percebam a tempo!

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  7. TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Eclesiastes 3 : 1) e chegará o momento que o texto mostrará o que se cumpre nesta passagem.

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  8. Nossa é incrivel como as amigas de Brenda interpletam ela mal. Brenda só quer ajudar e em vez de ficarem feliz elas ficam chamando ela de certinha e coisa e tal. Isso acontece comigo também em vez de ser considerada a amiga que quer ajudar sou considerada a "certinha", O que tem errado em ser certinha? As pessoas colocam as pessoas certinhas como se fosse algo ruim.

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  9. Rsrsrs... essa Alessandra é uma figura, como gosto dela! Espero que encontre um grande amor, que compense todas suas decepções. Estou curiosa pra ver o rumo da vida delas.

    Grande abraço Vinícius.

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  10. Interessante ver como elas comentam em não terem escutado as palavras de Brenda...

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