domingo, 1 de novembro de 2009

CAPÍTULO XI

UMA NOVA ETAPA – CARLA
Dizem que agosto é mês de desgosto, mas pra mim, dava gosto iniciar aquela nova etapa na minha vida. Curiosamente, não houve trote. Eu fiquei receosa, pois sabia dos resultados de muitos, inclusive um que me contaram: puxaram a cadeira de um rapaz e ele até achou graça, mas não conseguiu mais se levantar e acho que até ficou paralítico. Que horror! Dentre outros que comentaram, os mais habituais eram cortar cabelo. Acho que o pessoal pensava mais em começar logo e deixar essas criancices de lado. Aquele agosto começava quente, teve um dia que até vi cupins na sala de aula.
Na academia, eu ia aprendendo e praticando tanto quanto na faculdade. Tinha um horário à parte em que eu fazia ginástica lá, quando não havia muito movimento. Um dia estava eu fazendo ginástica e reparei que alguém estava conversando com o chefe seu Arnaldo e não tirava os olhos de mim. Fiquei na minha, continuando a olhar pro que estava fazendo. Noutras vezes na rua, nos meus dias de folga, andava de bicicleta e o cara tava lá passando e sempre olhando pra mim, ou quando eu andava pela rua e era difícil não olhar, mesmo que eu desviasse o olhar rapidamente, mas era um reflexo. A gente sente que alguém tá olhando e olha.
Como seu Arnaldo era muito boa gente e enturmava o pessoal, num domingo daqueles de sol, convidou funcionários e amigos prum churrasco na casa dele, com direito a banho de piscina. Eu amei, mas senti muita falta da Brenda e da Alessandra. Lembrei de tantas manhãs de sol que a gente curtia na praia.
Na reunião do churrasco do seu Arnaldo, quem também estava lá? O cara que não tirava mais uma vez os olhos de mim, Marcos, que neste dia estava com a mulher Helena e os três filhos: a mais velha Marion, que tinha 13 anos, a do meio, Marcele, de 10 e o menor, Marquinho, de 5. Marcos era produtor e fazia eventos na academia. Os shows de artistas mais conhecidos e daqueles que começavam e ainda não tinham maiores oportunidades. Cara pintoso, cabelos castanhos claros estatura mediana, na época tinha 33 anos e nem parecia ser pai, aparentava uns 25 anos.
Comecei a ficar sem graça, pois a mulher do Marcos era super simpática, conversava com todos, inclusive comigo. Eu a ouvi comentar com o Marcos que me achou bonita, com um corpo escultural. Eu poderia ter um corpo melhor do que o dela que já tinha três filhos, e por que eu malhava - e ainda malho – muito, mas ela era linda. Olhos verdes, cabelos castanho escuros, pele clara, parecia um marfim. Ela comentava sobre mim com o Marcos e ele ficava quieto, a cada comentário, só falava: “É...” ele era sonso e ela ou era ingênua ou se fazia disto pra viver. Pior é que ele me chamou a atenção também. Eu tive que reprimir o desejo. Fui educada pra casar, embora meus pais tivessem sido sempre rigorosos, eu tava me soltando e como até então não havia dado motivo pra nenhuma desconfiança, já tinha 18 anos e eles já não tinham comigo as mesmas preocupações. Eles davam as recomendações normais de todos os pais. Pediam pra avisar se eu ia demorar, pra não chegar muito tarde. Naquele dia eu balancei. Foi muito difícil esconder que reparava a cada olhada do Marcos, mas acho que nós mulheres somos sempre mais discretas. Os homens têm aquela coisa de macho, orgulho, deixam perceber que estão de olho em alguém pois querem se mostrar. Outros homens que estavam lá reparavam as olhadas do Marcos e embora eu continuasse na minha, quando foi escurecendo dei um jeito de cair fora, mas ele não me saiu do pensamento. A imagem dele me perseguiu. Nem sempre tudo começa bem na vida da gente e a minha maior atração por um homem começou assim.
Naquela mesma noite estava eu na rua, tudo escuro, quando de repente alguém apareceu e me agarrou à força. Era o Marcos. Eu gritei:
- Nãaaaaaaaaaao!!!
Depois deste grito, estava eu sentada na cama. Minha mãe veio correndo:
- Carla, minha filha, o que foi?
- Desculpe mãe, eu tava tendo um pesadelo - respondi ofegante, o coração batendo acelerado.
- Filha, que susto...
Meu pai também entrou no quarto.
- Tava sonhando? – ele perguntou
- Não, pai, “pesadelando,” como diz a Brenda.
- Pôxa, que pesadelo, hein? – meu pai disse
- É, desculpe. Não queria acordar ninguém, mas o que eu podia fazer?
- Vou pegar água pra você, filhinha, fica aí que eu já volto. – minha mãe ofereceu
Bebi a água, minha mãe ficou mais um pouco comigo e eu voltei a dormir. Mas quem disse que foi um sono tão tranquilo? Continuei a sonhar com o Marcos.
No dia seguinte continuei minha rotina trabalhando, fazendo minha ginástica e mais uma vez com o Marcos aparecendo lá e me olhando com aqueles olhos pequenos, mas sedutores. Saí pra faculdade e quem eu vejo dentro de um carro bem na calçada pertinho da porta da academia? Nem preciso dizer. Por educação cumprimentei:
- Oi.
- Oi, você vai pra longe?
- Vou pro Centro.
- Entra aqui que eu levo.
- Não, obrigada.
- Aceita, menina ele vai pra lá. – seu Arnaldo que tava voltando reforçou o convite.
Eu me senti quase forçada a aceitar, mas no íntimo, acho que esperava que ele fizesse alguma coisa além de me olhar tanto. Quando entrei no carro, senti os olhares de cumplicidade entre ele e seu Arnaldo, os sinais de positivo com as mãos, a malícia própria entre os homens. No caminho ele puxou conversa, disse que tinha idéias de eventos, que estava arrumando patrocinadores. Eu tentei ser simpática, mas tava com medo. Aquele pesadelo parecia tão profético. Lá estava eu no carro do Marcos, me sentindo agarrada por ele. Quando o assunto é conquistar uma mulher, a maioria dos homens se une. Seu Arnaldo então, sempre estava “agradando” principalmente as clientes. Um cara com quase 50 anos, casado como o Marcos, mas que mantinha como todos os outros sua pose de macho. Minhas convicções não eram as mesmas da Brenda, que achava que o momento certo era o casamento. Os pais dela eram bem mais liberais do que os meus, mas ela pensava assim pela própria cabeça. Fez falta um conselho da minha amiga. Eu nem sei dizer o que senti, mas estava me deixando levar pela emoção. Não rolou nada naquela carona. Marcos puxou conversa e respondi com monossílabos, poucas palavras. Quando cheguei à faculdade, desci do carro, agradeci e fiquei aliviada. Mas não parou por aí. Marcos continuava a ser cada vez mais freqüente na academia. Um dia, seu Arnaldo falou:
- Carla, você é a pessoa indicada pra propaganda da nossa academia.
- Eu?!
- É. Vamos lançar propagandas nas revistas. Você vai aparecer como nossa garota propaganda.
Eu pensei logo: “É muita areia pro meu caminhão!” Mas o sentimento de vaidade falou mais alto e embora hesitante a princípio, acabei aceitando e também foi fácil convencer meus pais, pois como eu só tinha 18 anos tinha que ter permissão deles. Comecei a fazer fotos pra propaganda pra academia que estava se expandindo. Tirei fotos ótimas, quase sem retoque, quase naturais. Apareci em Outdoor com uma das fotos que fiz e depois fui chamada pra fotografar pra matérias de roupas pra esporte. Meu ego subiu 10 metros, fiquei deslumbrada comigo mesma. Seu Arnaldo começou a me convidar pra mais reuniões na casa dele e em todas estavam o Marcos com a mulher e os filhos, o que me deixava mais sem graça. Até que um dia, não os vi juntos numa destas reuniões, nem nos eventos que tinham na academia. Numa manhã de sábado, vi Helena com os filhos passando pela porta da academia.
- Oi! – ela cumprimentou-me sorridente e eu expressei um meio sorriso, sem graça
- Oi, tudo bem?
- Tudo bem.
- Não foram na última reunião do seu Arnaldo?
- Não querida, isso não é mais pra mim.
- Como assim?
- É que eu tô freqüentando uma igreja aqui perto e não tenho mais prazer nestes ambientes.
- Mas não tem nada demais. – eu argumentei
- Tá querida, mas eu prefiro estar mais com O Senhor agora. Nestas reuniões tem gente que bebe, oferece pro Marcos e pra gente não brigar é melhor não ir e nem levar as crianças.
- Bem...cada um sabe de si, até onde vão seus limites.
- Pois é meu bem. Eu já disse que acho você muito bonita?
- Que é isso...você é que é linda.
- Eu já tenho uns quilômetros rodados, querida. Você tá na flor da idade, com tudo em cima, fazendo sucesso em propagandas pra academia. Desejo sucesso pra você, mas juízo, também.
- ‘Brigada... – fiquei mais sem graça ainda com tanta gentileza da parte dela
- Bem, tô em cima da hora. Toma aqui um folheto da igreja quando quiser ir.
- ‘Brigada... – aceitei com um meio sorriso
- Jesus te ama, minha linda! Tchau!
- Tchau...
Fiquei sensibilizada com tanta delicadeza dela e ao mesmo tempo com um mal estar por sentir uma atração irresistível pelo Marcos. Depois que a vi cruzar a esquina, pensei alto, no que ela falou, que Jesus me amava.
- Acho que ele não tá me amando pelos meus maus pensamentos.

12 comentários:

  1. O que será que vai acontecer? Muita curiosidade.

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  2. Eu tb quero saber!! ^^
    Aguém me conta, por favor!!! rsrsrs

    Vou ficar aguardando!!

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  3. Que bom que consigo aguçar a curiosidade dos leitores.

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  4. Quem puder, chame mais membros. Quantos comentários mais o blog tiver, mais adiantados virão os outros capítulos.

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  5. puxa vida! dá até arrepios só de pensar no campo minado em que a Carla tá passeando!! bem diz as escrituras que aquilo que o homem plantar também há de colher!! até onde será q ela vai? e quanto as consequências?

    *[aa] assim como a Brenda, eu tenho pais que sempre foram muito flexíveis!! a minha mãe é do tipo que diz: - tem esse caminho! eu já passei por aí e me dei muito mal.. e então? vc decide! vai querer ir por aí tbm? [agradeço muito ao Senhor pela mãe que Ele me deu!] Meu pai, é um caso a se estudar cientificamente!! eu sei que é beem batido isso, mas meu pai é o cara! rss [os ensinamentos mudos dele!] pq na teoria ele nunca me disse nada sobre o que eh certo ou sobre o que eh errado!! é só de observá-lo e tentar desesperadamente repetir os acertos dele e corrigir seus erros em mim.. [ele só precisa dizer q eu tô errada! eu começo a chorar!] rss
    pausa para agradecer a Deus pelo meu pai tbm!!

    deixa eu continuar a ler.. *_*

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Meu Deus espero que a Carla pense bem antes de fazer besteira...
    Como a história já ta escrita não vou dizer que estou curiosa, vou continuar lendo.

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  8. Passando pro próximo no final eu comento... a letra fica ou ótima! Minha vista agradece rsrsrs

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  9. Hummmm... esse Marcos, não gostei não!!!

    Espero que Carla resista, que por mtas vezes é bem difícil.

    Espero que Helena tenha mta sabedoria.

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  10. Mto legal a Helena hein..
    Hum.. o que será q vai acontecer?
    Vou continuar lendo.. rs =)

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  11. No começo pensei que seria um garoto interessante, por causa do mistério dos olhares dele. Mas então ele é casado?!
    Ixiii, antes que continuar a ler já suspeitei encrenca, e ela está ficando caídinha por ele...
    Estou curiosa para o que vai rolar.
    Boa escrita!

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