segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CAPÍTULO XIV

INTERRUPÇÃO E PREOCUPAÇÃO – BRENDA
Nem tudo acontece tão perfeito. A semente é plantada, mas precisa ser germinada e quando não há quem regue, quem cuide, a planta pode morrer. Mas se houve um período de descuido e o jardineiro percebendo que aquela planta ainda pode crescer e florescer, não vai cortá-la fora e cuida dela outra vez. Portanto, meu crescimento inicial já havia acontecido e o jardineiro depois daria prosseguimento ao meu crescimento. Houve uma interrupção, mas tudo na vida tem um tempo. Eu estava com meus planos definidos para domingo, quando meu pai avisou:
- Neste domingo fica em casa filha. Suas amigas vêm prum churrasco aqui.
- Ah, pai, que pena...
- Pena?! Alessandra e Carla vêm prum churrasco aqui e você diz isso?!
- Não, é que dona Maria convidou pra ir à igreja.
- Vai ter muitas outras oportunidades, filha. Você agora quase não vê suas amigas.
- Tá pai.
Fiquei feliz por que ia ver Alessandra e Carla, mas chateada, pois queria ir à igreja com dona Maria. Porém, achei que um domingo a menos não faria tanta diferença. Pensei em ir cedo e voltar logo, mas minha mãe queria minha ajuda na cozinha. Foi bom porque eu reparei que a Carla tava muito inquieta. Alessandra parecia melhor, foi até com o novo namorado, o Beto, um rapaz muito simpático. Carla conversou bem menos e ficou num canto. Aproveitei que o pessoal tava mais animado conversando entre si e cheguei perto dela.
- Carlinha...- toquei delicadamente em seu ombro, mas mesmo assim ela assustou-se um pouco
- Ai!
- Desculpa, cê tava aí tão quietinha
- É...eu tava pensando.
- Em, que fofinha? Tá com uma cara assim...chateada
- Brenda...ah, deixa pra lá!
- Fala.
- Brenda, eu não tô me sentindo bem, não tô numa boa. Claro que achei bom vir pra te ver, mas tô com uns pensamentos que não consigo tirar da cabeça, não tô me sentindo à vontade em lugar nenhum.
- Mas houve alguma coisa?
- Houve, mas é dentro de mim, não é com ninguém, só comigo.
- Algum sentimento que você não consiga controlar?
- É por aí, mas acho melhor não falar.
Naquele exato momento, Alessandra veio até nós.
- Gente, tava olhando vocês conversando aí, parecendo que ‘tão de segredinhos e me deixando de fora?
- Nem deu tempo da gente ficar de segredinhos, você veio antes que a Carla pudesse falar alguma coisa.
- Ih, então tô atrapalhando? – Alessandra ficou surpresa com minha resposta que não foi intencional
- Não, desculpa, é que ela tá aí com essa cara que eu até pensei que tava acontecendo alguma coisa grave e até agora enrolou, enrolou e não falou nada.
- Ah, crise existencial! – Alessandra deu ênfase num tom de brincadeira
- Gente, eu não tô a fim de falar, cês assim me pressionam, eu não gosto disso! – Carla parecia quase explodir
- Calma Carla. – eu ponderei. – Só queremos ajudar.
- Eu não quero que meus pais também comecem a perguntar, tô vendo eles olharem pra cá.
- Vamos pra fora? – sugeri.
Continuamos a conversa no terraço.
- Carla, nós somos suas amigas e vamos dar nosso apoio. – eu iniciei
- Mas é claro! – Alessandra concordou – Eu deixei o Beto lá, pedi licença por que desde que cê chegou tá assim calada. Fiquei preocupada com você.
- Gente, ‘brigada pela consideração de vocês, mas eu não consigo falar, nunca pensei que ia me sentir assim.
- Pelo menos tenta Carla. – Alessandra insistiu – Cê fala, fala e não diz nada.
- Mas é que eu tô com sentimentos tão confusos, não sei como lidar.
- É amor, né? – eu deduzi
- É... – Carla abaixou a cabeça quase chorando, mas segurou-se, ficou com os olhos bem abertos evitando que as lágrimas viessem.
- Carla, gostar de alguém, não é ruim. – Alessandra argumentou
- Mesmo quando a pessoa não pode ser sua? – Carla a olhou fixamente
- Carlinha... – Alessandra teve compaixão e a abraçou. Foi aí que Carla desabou no choro e a levamos pro banheiro pra lavar o rosto. Ela ficou com Alessandra e eu trouxe água. Ela bebeu e acalmou-se.
- Eu não queria me sentir assim, mas foi mais forte do que eu. – Carla disse
- É melhor esquecer isso, Carla. – eu aconselhei
- Mas se o cara tá numa situação da qual ele quer sair? – Alessandra sugeriu a possibilidade – Você pode lutar por ele.
- Não é assim...ele..ele... – Carla ficou novamente com a voz embargada, mas finalmente falou – Ele é casado! Tem três filhos! – e desatou outra vez no choro.
- Então esquece, Carla! – eu disse
- Não é tão simples assim, ele mora perto, pôxa, tá sempre na academia! Pensam que eu não tentei?! Acham que eu queria sentir isso? A mulher dele é um amor de pessoa, vai à igreja perto da academia, outro dia ainda disse pra mim com a maior sinceridade, com o olhar mais puro que há muito tempo eu não via em alguém: Jesus te ama! Eu me senti horrível!
- Carla, amiga, numa boa, queridinha, respira fundo, se controla. Cê disse que não queria que seus pais vissem você como tava, se chorar alto eles vão acabar ouvindo e vão vir até aqui pra saber o que tá acontecendo. – Alessandra aconselhou.
- Eu tenho que me conter mesmo. Conter o choro, conter os sentimentos...uma vida de contenção! – Carla desabafou. Felizmente conseguiu se recompor. Lavou o rosto outra vez, bebeu mais um pouco de água e voltou pra sala. Quando nos despedimos, dei um abraço forte nela e falei ao seu ouvido:
- Conta comigo, amiga. Vou estar do seu lado. Mas me ouve, você deve esquecer o cara, isso não dá futuro.
- Tá...- ela respondeu como se concordasse, mas eu senti que seu maior desejo era entregar-se a ele.
Alessandra voltou com o namorado e sua mãe levou Carla e seus pais pra casa, como sempre fazia. Eu fiquei só pensando em Carla e até sonhei com ela. Sofri por causa da minha amiguinha, como nem por uma irmã eu sofreria. Elas sempre foram tão preciosas pra mim e eu agora via uma das duas sofrendo tanto. Alessandra parecia melhor. Contou o episódio com Allan e comparando com Beto, sentia que ela tava se abrindo mais, não tava com tanto medo de gostar mais de um cara e tratá-lo como namorado mesmo, convidando pra onde também fosse convidada. Talvez estivesse mesmo tentando consolidar este novo relacionamento. Parecia um pouco mais madura. Eu depois de namorinhos, não pensava ainda em ter ninguém. O trabalho na loja e em casa me consumia muito tempo. Foi melhor assim. Um ditado popular diz: “Mente desocupada é oficina de satanás”. É pena que tanta gente ocupada ainda dê espaço pra ele.

11 comentários:

  1. Ess cap me deixou ainda mais curiosa sobre o que vai acontecer com a Carlinha... rs

    Minha sorte é que curiosidade não mata!!

    Tô adorando, Vinícus!! ^^

    ResponderExcluir
  2. A Carla tem consciência da situação. O difícil vai ser vencer a tentação...

    ResponderExcluir
  3. Conitnuem aparecendo e postando seus comentários. A história esquenta mais a partir daqui.

    ResponderExcluir
  4. Errata: Continuem postando. Não suporto ver com erros.

    ResponderExcluir
  5. Homem + casado + safado = furada
    kkkkkkkk
    Será que Carla resistirá a tentação???

    ResponderExcluir
  6. Há um tópico criado pela Beth na comunidade:EU QUERO SABER O QUE VAI ACONTECER COM A CARLA. Participem.

    ResponderExcluir
  7. P.S. Já tem gente postando lá, mas estou incentivando que mais membros participem.

    ResponderExcluir
  8. Acabei de ler o capitulo e entrar no tópico da comunidade....também estou curiosa pra saber o que vai acontecer com a Carla.
    Não quero que ela se entrega pro Marcos, mas acredito que isso vai acontecer.

    ResponderExcluir
  9. Tadinha da Carla, tomara que ela consiga resistir esse tal Marcos, é tão dificil resistir o desejo da carne, é uma luta muito grande. Vou torcer muito por ela.

    Olha só a Alessandra... namorandinho o Beto, assumindo mais... hum fiquei curiosa!

    ResponderExcluir
  10. Legal ver a cumplicidades das amigas mesmo não se vendo mais tanto, e a preocupação com ambas continua a mesma.

    Alessandra namorando o Beto...hum....
    Carla não conseguindo controlar essa paixão...
    E a Brenda tentando aconselhar...

    Estou ficando curiosa...

    ResponderExcluir