quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CAPÍTULO XVIII

VISITA INESPERADA – CARLA
Quase duas semanas depois daquele fatídico fim de semana com Alessandra, na 6ª feira, estava eu na minha rotina de sempre pensando em dar uma esticada com uns colegas da faculdade. Fui saindo da sala conversando descontraidamente e assim que cheguei à porta, uma visita inesperada estava no corredor me esperando. Gelei, fiquei paralisada, muda.
- Oi. – ele disse
- O que você tá fazendo aqui Marcos?
- Quero falar com você.
- Não temos nada pra falar.
- Por favor, Carla. Eu te deixo em casa, mas antes vamos a um bar aqui perto.
- Mas Marcos, eu tô com o pessoal aqui.
- Pede licença, dá uma desculpa. Eu imploro, preciso muito falar com você.
- Ai, meu Deus...tá...
Mesmo um pouco hesitante, pedi licença aos colegas dizendo que ia resolver um assunto particular. Reparei que um colega que tava a fim de mim ficou decepcionado, mas como eu não tava na dele, não me senti tão culpada, pois o via só como um amigo, embora não quisesse magoá-lo. Uma colega percebeu o interesse do Marcos e ainda deu força:
- Vai fundo, menina! – ela disse.
Desci discretamente com Marcos pelo elevador e procurei manter a descrição aos olhares curiosos dos colegas. Fomos prum lugar um pouco mais afastado da faculdade, pra evitar que os colegas nos vissem e depois na primeira oportunidade me enchessem de perguntas. Lá, apesar de me sentir incomodada com a situação fiquei mais à vontade pra conversar. Nem sei explicar por que fui, mas eu ficava dominada pelo olhar sedutor do Marcos, pelo jeito dele. Quando sentamos e ele pediu um chopp, olhei firme nos olhos dele e disse:
- Marcos, isso não é direito. Você é casado. Já pensou se alguém conhecido seu nos vê aqui?
- Estamos longe de casa.
- Tá, mas pode acontecer.
- Eu não me importo. – ele disse também olhando fixamente pra mim e chegou a tocar na minha mão, mas retirei logo.
- Não, por favor... – abaixei a cabeça e quis chorar, mas me segurei.
- Desculpe, é que eu não aguento mais reprimir o que sinto por você. Sei que também tá a fim, teus olhos dizem.
- Marcos, é melhor cortar o mal pela raiz. Se você gosta mesmo de mim, deixa eu seguir minha vida em paz. Sua mulher é um amor, passa por mim sorrindo. Outro dia mesmo fiquei super constrangida. Ela disse: Jesus te ama. Pelo amor de Deus, não fica me cercando. Você tem três filhos. Não pensa neles?
- Carla, meu casamento não é nenhum mar de rosas. Minha mulher é essa simpatia que você vê, mas é uma das pessoas mais difíceis de conviver. Esta história de igreja é fogo de palha. Ela já saiu e voltou várias vezes. Fica muito bem em alguns períodos e noutros eu nem a reconheço.
- O que não é justificativa pra fugir assim e procurar outra pra servir de refresco pra você.
- Mas Carla, eu não consigo parar de pensar em você.
- Isso é conversa! Você deve ter dito isso pra muitas outras! Olha marcos, eu só tenho 18 anos, mas já conheci caras que gostam de se aproveitar. Por isso que não levei namoros adiante. Os garotões só querem garotas pra programa e depois descartam. No seu caso, você tá se justificando através da crise no seu casamento pra fazer comigo o que não deve estar conseguindo fazer com sua mulher!
- Então você acha que quero usar você como válvula de escape? Por que acha que eu ia tanto querer conversar com você? Se eu quisesse só o que tá pensando, já teria ido atrás da primeira que aparecesse.
- Talvez no momento eu seja a mais fácil pra você.
- Mais fácil? Te dei carona e nem me deu conversa. Todas as vezes que estive na academia você me evitou. Eu tinha que tentar, por isso tinha que procurar você num lugar onde me ouvisse.
- E vai arranjar problema. Deveria estar em casa numa hora destas. Que desculpa cê deu?
- Disse que ia tratar de uns assuntos com uns amigos com quem trabalho.
- Tá vendo? Mentira tem perna curta. Eu tô fora! Se pensa que vou ser “a outra,” tá muito enganado!
- Carla, você me deixa louco!
- Marcos, sem essa. Você fala como se eu provocasse você e depois caísse fora. Você é que me assedia.
- Você acha que não me provoca? Só sua presença já é uma provocação.
- Ih, sem essa, Marcos! Não sou tão deslumbrante assim.
- Mas eu tenho uma atração tremenda por você.
- Então meu caro, continue tendo, porque eu não vou consolar dores de marido frustrado.
Ficamos um pouco em silêncio e Marcos foi tomando mais tulipas de chopp, uma atrás da outra. Eu fui dura com ele, mas depois tive pena. Senti que ele não conseguia controlar os sentimentos tanto quanto eu.
- Marcos. – falei mansamente, tocando de leve a mãe dele – V’ambora, tá ficando tarde.
- Deixa eu esfriar um pouco a cabeça.
- Olha, você já bebeu muito. Te peço, toma um café e vamos. Do jeito que cê tá, eu tenho medo de entrar naquele carro. Pro seu próprio bem, faz o que eu tô pedindo, por favor. Meus pais devem estar preocupados.
Ele tomou um café como pedi e depois entramos no carro e ficamos conversando mais um pouco.
- Eu nunca senti por ninguém a atração que sinto por você. – Marcos continuou insistindo
- Eu não vou ser a outra, Marcos. Não acho certo, mas se viver com sua mulher tá tão difícil, por que não se separam? Vocês homens são engraçados! Se acomodam, preferindo viver na mentira, na hipocrisia.
Marcos parecia tenso. Me olhou fixo, desviou o olhar e sem que eu pudesse esperar me tascou um tremendo beijo na boca. Eu fiquei sem ação, só mesmo depois, quase sem fôlego, tentando me recuperar do choque, eu gritei:
- Você não tinha este direito!
- Eu tenho o direito de gostar de você Carla! Eu quero você, eu não vou desistir!
- Marcos, por favor, vamos embora!
Marcos então ligou o carro e foi sério guiando, quase sem falar. Parou num lugar de pouco movimento no meio do caminho e olhou pra mim sério, penetrante:
- Diz na minha cara que também não tá a fim de mim.
Eu não olhei pra ele, mas fiquei muito mexida. Respirei ofegante e depois falei:
- Marcos, não é certo, não é o que eu quero pra minha vida.
- E você acha que era o que eu queria? Manter um casamento assim e continuar só por causa dos filhos? Eu quero amar, ainda sou jovem! Tô com 33 anos.
- Eu tenho princípios.
- Você tem é medo.
- Tá, Marcos, o que você quiser. Medo, insegurança, seja lá o que for, mas vou ficar bem com a minha consciência se não tiver nada contigo. Agora, por favor, peço mais uma vez, me deixa em casa. Já ouvi você muito tempo.
Finalmente ele me atendeu e seguiu o caminho me deixando perto de casa. Nem sei como consegui resistir no momento que ele me beijou. Minha vontade era agarrá-lo e corresponder o beijo, mas um senso de justiça, educação, tudo aquilo que a gente aprende desde que se entende por gente ainda prevaleceu, mas como foi difícil!

11 comentários:

  1. Bem, a criação que ela teve a está ajudando a resistir. Ela tem consciência e princípios morais. No entanto, o Marcos vai fazer pressão. Até quando ela vai conseguir resistir?
    Graça e Paz!

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  2. Obrigado pela passada de raspão. Vejo que mostro as situações bem ao estilo das incoerências da vida que são bem maiores do que as dos folhetins. A vida não pede coerência, mas a ficção sim. No entanto um texto baseado nos dramas do cotidiano, tem suas incoerências também. O que posso dizer no momento é que continuem acompanhando o desenrolar desta história.

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  3. Eu sinto que ela ainda vai cair na conversa mole do Marcos. Homem é engraçado em vez de resolver os problemas com a mulher, que sair com a primeira menina que encontra, afim de mostrar que é viril.

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  4. É isso aí, Carlinha!!! \o
    Continue assim, garota. não desiste!

    Pense sempre nessa fraze, Carlinha: "Eu não vou consolar dores de marido frustrado."!!!

    Cara, Vinícius! Essa cap ficou muito show! parabéns!!

    EU QUERO SABER O QUE VAI ACONTECER COM A CARLA!!!

    bj... Fica com Deus!!

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  5. Ela ainda está resistindo, mas tá muito difícil.

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  6. Para este capítulo, parabéns prá Carla....

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  7. Até agora ela conseguiu resistir. Mas, será até quando?
    Espero que ela lute pra não cair em tentação.

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  8. Nossa que sacana!! ´passando pro próximo...

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  9. Aff... tadinha da Alessandra, isso não é fácil não. Tomara que consiga!!!

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  10. Errata: Este capítulo é narrado pela Carla.

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  11. Nossa, me surpreendi com a atitude da Carla, sendo sincera, falando a verdade de que seria um erro e todo esse lance do homem querer pegar qualquer uma por seu casamento não estar bem...
    E o beijo? Cara sem educação....

    Ainda curiosa...

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